FAUNA DE MORCEGOS (MAMMALIA, CHIROPTERA) E A OCORRÊNCIA DE VÍRUS DA RAIVA NA CIDADE DE SÃO PAULO, BRASIL
Palavras-chave:
morcego, área urbana, sinantropia, raivaResumo
Os morcegos constituem o segundo maior grupo e os mais versáteis dentre os mamíferos na exploração de alimento e abrigo. No Brasil são registradas 167 espécies, a maioria (70%) possui hábito alimentar insetívoro e os demais distribuídos entre frugívoros, nectarívoros, hematófagos, carnívoros, onívoros e piscívoros. Os que vivem em áreas urbanas são amplamente favorecidos por encontrar nas cidades abrigo e alimento. Utilizam com frequência as habitações humanas como abrigos diurnos e, por isso, já são considerados animais sinantrópicos. Esta proximidade com pessoas e/ou seus animais de estimação pode acarretar riscos de ocorrência de raiva. O Centro de Controle de Zoonoses da cidade de São Paulo (CCZ-SP) mantém um serviço que atente a população sobre problemas relacionados a morcegos e um laboratório de diagnóstico de raiva para realizar testes através de Imunofluorescência Direta e inoculação em camundongos em todos os morcegos coletados. O objetivo desse artigo é apresentar e analisar os dados do atendimento ocorrido no entre 2004 e 2013. Nesse período foram atendidas 6945 solicitações e 4248 morcegos de 43 diferentes espécies foram capturados no município de São Paulo. Destes, 38 foram diagnosticados positivos para raiva, sendo 33 insetívoros, quatro frugívoros e um nectarívoro. A maioria destes animais foi encontrada em situações atípicas e em horários e locais não habituais para a espécie. Ações de educação continuada para esclarecimento da população da importância dos morcegos para eliminar os mitos que os cercam são necessárias para estimular a convivência harmoniosa entre as pessoas e esses animais. Orientações técnicas sobre medidas preventivas que evitem ou eliminem seu abrigo em edificações são fundamentais para diminuir o risco de acidentes às pessoas.
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