INFECÇÃO POR Trypanosoma cruzi EM ANIMAIS SILVESTRES PROCEDENTES DE ZOOLÓGICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Autores

  • Carolina Ballarin Zetun
  • Simone Baldini Lucheis
  • Marcella Zampoli Troncarelli
  • Helio Langoni

Palavras-chave:

Trypanosoma cruzi, hemocultura, PCR, animais silvestres, zoológico

Resumo

A doença de Chagas (ou Tripanossomíase Americana) é uma zoonose de caráter crônico, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi (T.cruzi). No ciclo silvestre, insetos triatomíneos são importantes vetores, podendo infectar roedores, marsupiais e outros animais silvestres, que constituem os reservatórios do parasito. Devido à intensa destruição do ambiente natural onde vivem os animais, estes estão sendo forçados a mudar de habitat. Os insetos vetores têm se adaptado a fontes alternativas de alimento, tanto no peridomicílio, como no intradomicílio, condições que podem determinar o aumento da incidência da doença em humanos. Considerando a importância dos animais silvestres como reservatórios de T.cruzi, o objetivo do presente estudo foi avaliar, por hemocultura e Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR), a infecção natural em alguns animais silvestres de três zoológicos do Estado de São Paulo. Foram colhidas amostras de sangue de três cachorros-do-mato (Cerdocyon thous), de três quatis (Nasua nasua), de um gambá (Didelphis marsupialis), de uma jaguatirica (Felis pardalis), de um veado-catingueiro  (Mazama gouazoubira), de cinco tatus-galinha (Dasypus novemcinctus), e de um tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Somente duas das três amostras de sangue dos cachorros-do-mato foram positivas pela hemocultura e pela PCR, entretanto uma das amostras que foi negativa na hemocultura foi positiva pela PCR. Estes resultados demonstram a importância do cachorro-do-mato como reservatório de T.cruzi, no ciclo epidemiológico da doença de Chagas.

Referências

Aben-Athar, J. 1992. Primeiro ano de funcionamento do Instituto Hygiene de Belém. In: A.C. Souza Araújo, A Prophylaxia Rural no Estado do Pará, Liv. Gillet, Pará, 190p.

Barretto, M.P. 1964. Reservatórios do Trypanosoma cruzi nas Américas. Rev. Bras. Malar. 16:527.

Briceño-León, R. 1990. La casa enferma. Sociologia de la enfermedad de Chagas. Caracas: Ediciones Capriles, 144p.

Chagas, C. 1924. Infeccion naturelle chez des singes du Pará (Chrysothrix scuireus) par Trypanosoma cruzi. C. R. Séances Soc. Biol. Fil. 90:873-876.

Da Silva, A.V. & Langoni, H. 2001. The detection of Toxoplasma gondii by comparing cytology histopathology, bioassay in mice, and the polymerase chain reaction (PCR). Vet. Parasitol. 97:199-207.

Daszak P., Cunningham A.A. & Hyatt A.D. 2001. Anthropogenic environmental change and the emergence of infectious diseases in wildlife. Acta Trop. 78:103-116.

De Lima H., Carrero J., Rodriguez A., De Guglielmo Z. & Rodríguez N. 2006. Trypanosomatidae de importancia en salud pública en animales silvestres y sinantrópicos en un area rural del município Tovar del estado Mérida, Venezuela. Biomédica 26:42-50.

Dias J.C.P. & Borges-Dias R. 1982. Housing and the control of vector of human Chagas’disease in the State of Minas Gerais, Brazil. PAHO Bull 16:117-29.

Dias J.C.P. 1988. Rural resource development and its potential to introduce domestic vectors into new epidemiological situation. Rev. Arg. Microbiol. 20:81-85.

Dias J.C.P. 1992. Epidemiology of Chagas’ disease (American trypanosomiasis): its impact an transfusion and clinical medicine (S. Wendel, Z. Bresser, M. E. Camargo and A. Rassi, orgs), São Paulo:ISBT, 49-80.

Dias J.C.P., Silveira A.C. & Schofield C.J. 2002. The impact of Chagas disease control in Latin America: a review. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 97:603-612.

Diosque P., Padila A.M., Cimino R.C., Cardozo R.M., Negrette O.S., Marco J.D., Zacca R., Meza A., Rojo H., Rey R., Corrales R.M., Nasser J.R. & Bassombrio M.A. 2004. Chagas’ disease in a rural area of Chaco Province, Argentina: Epidemiologic survey in humans, reservoirs and vectors. Am. J. Trop. Med. Hyg. 71:590-593.

Forattini, O.P. 1980. Biogeografia, origem e distribuição de triatomíneos no Brasil. Rev. Saúde Pública 14:265-299.

Jansen A.M., Pinho A.P.S., Lisboa C.V., Cupolillo E., Mangia R.H. & Fernandes O. 1999. The sylvatic cycle of Trypanosoma cruzi: a still unsolved puzzle. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 94(1):203-204.

Karsten V., Davis C. & Kuhn R. 1992. Trypanosoma cruzi in wild raccoons and opossums in North Carolina. J. Parasitol. 78:547-549.

Lainson R. & Shaw J.J., Frahia H., Miles M.A., Draper C.C. 1979. Chagas’ disease in the Amazon Basin. T. cruzi in silvatic animals, triatomine bugs and man in the State of Para, north Brazil. Trans. Royal Soc. Med. Hyg. 73:193-204.

Martins A.V. 1968. Epidemiologia. In: Cançado, J.R. (ed). Doença de Chagas. Belo Horizonte: Imprensa Oficial 285-297.

Marvulo M.F.V. 2007. Zoonoses. In: Tratado de Animais Selvagens - Medicina Veterinária, Z.S. Zalmir, J.C.R. Silva J.L. Catão-Dias (eds). ROCA, São Paulo, São Paulo:1250-

Navin T.R., Roberto R.R., Juranek D.D., Limpakarnjanarat K., Mortenson W., Clover J.R., Yescott R.E., Tallindo C., Steurer F. & Allain D. 1985. Human and sylvatic Trypanosoma cruzi infection in California. AJPH 75(4):366-369.

Patz J.A., Graczyk T.K., Geller N. & Vittor A.Y. 2000. Effects of environmental change on emerging parasitic diseases. Int. J. Parasitol. 1:1-11.

Pinto P.L.S. 2000. Circulação e caracterização de Trypanosoma cruzi isolados de mamíferos silvestres capturados no Estado de São Paulo, Brasil. São Paulo. (Tese de Doutorado – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo).

Rodrigues I.R.C., Souza A.A. & Valente S.A.A. 1985. Novo caso autóctone de doença de Chagas no Estado do Pará. In: Congresso da Sociedade Brasileira de Parasitologia, 9, Fortaleza, Resumos:22.

Schofield C.J. 1994. Triatominae: biology & control. London: Eurocomm. Publ. 67p.

Silveira A.C., Vinhaes M.C., Lira E. & Araújo E. 2001. O controle de Triatoma brasilienses e Triatoma pseudomaculata. Estudo do tempo de reposição das condições de transmissão da doença de Chagas por T. brasilienses e T. pseudomaculata, em áreas submetidas a tratamento químico domiciliar, e de variáveis ambientais relacionadas. OPAS. Brasília:86.

Silveira A.C. 2002. O controle da doença de Chagas nos Países do Cone do Sul da América. OPAS, Brasília:15-43.

Sólis-Franco R., Romo-Zapata J.A. & Martínez-Ibarra J.A. 1997. Wild reservoirs infected by Trypanosoma cruzi in the Ecological Park “El Zapotal”, Tuxtla Gutiérrez, Chiapas, México. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro 92(2):163-164.

Sturm N., Degrave W., Morel C. & Simpson L. 1989. Sensitive detection and schizodeme classification of Trypanosoma cruzi cells by amplification of kinetoplast minicircle DNA sequences: use in diagnosis of Chagas’s disease. Mol. Biochem. Parasitol. 33:205-214.

Vallejo G.A., Guhl F., Chiari E. & Macedo A.M. 1999. Specie specific detection of Trypanosoma cruzi and Trypanosoma rangeli in vector and mammalian hosts by polymerase chain reaction amplification of kinetoplast minicircle DNA. Acta Trop. 72:203-212.

Vaz V.C. 2006. Efeito da fragmentação florestal sobre o ciclo de transmissão silvestre do Trypanosoma cruzi entre pequenos mamíferos na Serra dos Órgãos, Teresópolis-RJ. Rio de Janeiro: 51.

WHO (World Health Organization). 1991. Control of Chagas’ disease. Report of a WHO Exppert Committee. Geneva: WHO. Technical Report Series, 811.

WHO (World Health Organization). 2002. Second report of the WHO Expert Committee, Control of Chagas’ disease. Technical report series 905. Geneve: WHO: 55-63.

WHO/CTD. Chagas. Disponível em: http://www.who.int/ctd/chagas/epidemio.htm. Acesso em: 12/04/2004.

Zeledón R. 1974. Epidemiology, modes of transmission and reservoir hosts of Chagas’ disease. Geneva: Ciba Foundation Symposium 28:51-77.

Downloads

Publicado

2023-03-30

Como Citar

1.
Zetun CB, Lucheis SB, Troncarelli MZ, Langoni H. INFECÇÃO POR Trypanosoma cruzi EM ANIMAIS SILVESTRES PROCEDENTES DE ZOOLÓGICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO. RVZ [Internet]. 30º de março de 2023 [citado 22º de novembro de 2024];21(1):139-47. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/1374

Edição

Seção

Artigos Originais