Anisakidose Humana: Zoonose com risco potencial para consumidores de pescado cru

Autores

  • Maria Emília de Souza
  • Elaine de Oliveira Cardoso
  • Lidiane Alves Leal
  • Talita Maria Pinheiro de Lima
  • Rômulo César Clemente Toledo

Palavras-chave:

Anisakidose, Anisakis simplex, pescado, Pseudoterranova decipiens

Resumo

Ao longo dos últimos anos no Brasil e no mundo vem se observando um aumento no consumo de pescado de água doce e marinha. Alimentos de origem animal apresentam um grande potencial como veiculador de doenças, as chamadas DTA’s (doenças veiculadas por alimentos) e com o pescado não é diferente. Dentre os agentes que podem parasitar o pescado e contaminar o homem temos os tremátodos e nemátodos, sendo que as larvas de nematódos infectantes da família Anisakidose ocorrem com maior frequência. A anisakíose ou anisakidose humana é uma parasitose gastrointestinal causada pela ingestão acidental de larvas infectantes de nemátodos da família Anisakidae presente no pescado e que em alguns casos, pode se manifestar com reações de hipersensibilidade. É uma parasitose de distribuição mundial, e que apresenta algumas dificuldades para o diagnóstico da doença em humanos. Seu controle pode ser feito com o adequado preparo e cocção do pescado, com temperaturas superiores a 60°C por no mínimo 10 minutos. Para evitar a contaminação do homem por larvas da família Anisakidae quando do consumo de pescado cru, além de se preconizar o consumo de um produto de qualidade sanitária satisfatória, é importante que o mesmo tenha sido submetido à temperatura de congelamento de -20ºC por um período de pelo menos 24 horas para inativação das larvas.

Referências

Carvalho JN, Santos GC, Pereira FC, Paiva A, Moura BLde. Importância da Anisakidose como zoonose parasitária. In: Anais da X Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão – JEPEX, 2010; Recife, Pernambuco: Universidade Federal Rural de Pernambuco; 2010.

Silva MLda, Matté, GR, Matté MH. Aspectos sanitários da comercialização de pescado em feiras livres da cidade de São Paulo. Rev Inst Adolfo Lutz. 2008 set-dez; 67 (3): 208-14.

Masson ML, Pinto RdeA. Perigos potenciais associados ao consumo de alimentos derivados de peixe cru. B CEPPA. 1998; 16 (1): 71-84.

Quijada J, Santos CALdos, Avdalov N. Enfermedades parasitarias por consumo de pescado. Incidencia en América Latina. Infopesca Int. 2005 oct-dec; 24: 16-24.

Bier JW. Anisakiasis. Laboratory diagnosis of infectious diseases. New York: Springler-Verlang, 1988.

Ferre I. Anisakiosis y otras zoonis parasitarisa transmitidas por consumo de pescado [Internet]. Rev AquaTIC. 2001 jul [acesso em 2012 set 7]; 14 (6). Disponível em: http://www.revistaaquatic.com/aquatic/art.asp?t=&c=122.

Alejo-Plata MdelC, Guevara GCLde, Medina GG. Larvas de Anisakis sp (Nematoda: Anisakidae), presentes en el pez dorado (Corhyphanea hippurus), en las costas de Oaxaca [Internet]. Ciencia y Mar. 2003 [acesso em 2012 set 7]; 7: 45-9. Disponível em: http://www.umar.mx/revistas/20/larvas.pdf.

Gomez B, Arroabarren S, Garrido M, Anda AI. Alergia a Anisakis simplex. In: Anales Sis San Navarra, 2003; Pamplona, Espanha. p. 2-6.

Nawa Y, Hatz Christoph, Blum J. Sushi delights and parasites: The risk of fishborne and foodborne parasitic zoonoses in Asia. Clin Infect Dis. 2005 nov 1; 41(9): 1297-303. PubMed; PMID 16206105.

Moneo I, Caballero ML, Gómez F, Ortega E, Alonso MJ. Isolation and characterization of a major allergen from the fish parasite Anisakis simplex. J. Allergy Clin. Immunol. 2000; 106: 177-82. PubMed; PMID 10887322.

Gibson DI. The systematic of ascarioid nematodes – a current assessment. In: Stone AR, Platt HM, Khalil LF. Concepts in nematode systematic: Proceedings of an international symposium held jointly with the Association of Applied Biologists, in Cambridge. New York: Academic Press, 1983. p. 321-38.

Cardia DFF, Bresciani KDS. Helmintoses zoonóticas transmitidas pelo consumo inadequado de peixes. Vet Zootec. 2012 mar; 19 (1): 55-65.

Cortazares JF, Campos RC. Intoxicación por Anisakis. Bol Clin Hosp Infant Edo Son. 2009 abr; 26 (1): 43-7.

Rego AA, Vicente JJ, Santos CP, Weikid RM. Parasitas de anchovas, Pomatomus saltatrix (L.) do Rio de Janeiro. Ciên Cult. 1983; 35:1329-36.

Barros GC, Amato JFR. Larvas de anisakídeos de peixe-espada, Trichiurus lepturus L., da costa do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Rev Bras Biol. 1993 maio; 53 (2): 241-5.

Batet CM. Anisakiosis y Anisakidosis [Internet]. Control Calidad Seimc. 2002 set 01 [acesso em 2012 set 7]; 1-6. Disponível em: http://www.seimc.org/control/.

Audicana MT. Anisakis: Su papel en la anafilaxia. Alergol Inmunol Clín. 2000; 15(2): 65-73.

Al-Zubaidy AB. Third-stage larvae of Anisakis simplex (Rudolphi, 1980) in the Red Sea Fishes, Yemen Coast. Mar Sci. 2010 mar; 21 (1): 95-112. DOI 10.4197/Mar.21-1.5

Cabrera R, Tillo-Altamirano MDP. Anisakidosis:¿Uma zoonosis parasitaria marina desconocida o emergente em el Perú? Rev Gastroenterol Peru. 2004 oct; 24 (4): 335-42.

Silva Júnior ACSda, Ramos JS, Gama CdeS. Parasitismo de larvas de Anisakidae em Acestrorhynchus lacustris da área de proteção ambiental do Rio Curiaú, Macapá, Estado do Amapá. Rev Bras Eng Pesca. 2011; 6 (2): 1-10.

Bicudo AJA, Tavares LER, Luque JL. Larvas de Anisakidae (Nematoda: Ascaridoidea) parasitas da cabrinha Prionotus punctatus (Bloch, 1793) (Osteichthyes: Triglidae) do Litoral do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Rev Bras Parasitol Vet. 2005; 14 (1): 109-18.

Dias FdeJE, São Clemente SCde, Knoff M. Nematoides anisaquídeos e cestoides Trypanorhyncha de importância em saúde pública em Aluterus monóceros (Linnaeus, 1758) no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Rev Bras Parasitol Vet. 2010; 19: 94-97. DOI http://dx.doi.org/10.1590/S1984-29612010000200005.

Saad CDR, Luque JL. Larvas de Anisakidae na musculatura do pargo, Pagrus pagrus, no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Rev Bras Parasitol Vet. 2009 out-dez; 18 (Supl 1): 71-3. DOI http://dx.doi.org/10.4322/rbpv.018e1014.

Knoff M, São Clemente SCde, Fonseca MCGda, Andrada CDGde, Padovani RdoES, Gomes DC. Anisakidae parasitos de congro-rosa, Genypterus brasiliensis Regan, 1903 comercializados no estado do Rio de Janeiro, Brasil de interesse na saúde pública. Parasitol Latinoam. 2007 dez; 62 (3-4):127-33. DOI 10.4067/S0717-77122007000200005.

Sanmartín ML, Quintero P, Iglesias R, Santamaría MT, Leiro J, Ubeira FM. Nemátodos parásitos en peces de las costas gallegas. 1. ed. Madrid: Díaz de Santos; 1994.

Jofre ML, Neira PO, Noemi, IH, Cerva JLC. Pseudoterranovosis y sushi. Rev Chil Infect. 2008 jun; 25 (3): 200-05. DOI 10.4067/S0716-10182008000300010

Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo (Brasil). Manual de doenças transmitidas por alimentos – Anisakis simplex e vermes relacionados [Internet]. São Paulo; 2005 [acesso em 2012 nov. 15]. Disponível em: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/anisakis.htm.

Acha P, Szyfres B. Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hombre y a lós animales. Cad Saúde Pública. 2005 maio-jun; 21 (3): 988-9. DOI http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2005000300038

Chai JK, Darwin Murrel K, Lymbery AJ. Fish-borne parasitic zoonoses: status and issues. Int J Parasitol. 2005 oct; 35 (11-12): 1233-54. PubMed; PMID 16143336.

Anderson RC. Nematode parasites of vertebrates: their development and transmission. 2. ed. Wallingford: CAB International; 2000.

Petrie A, Wootten R, Bruno D, MacKenzie K, Bron J. A survey of Anisakis and Pseudoterranova in Scottish fisheries and the efficacy of current detection methods. Government Veterinary Journal. 2009; 20 (1): 28-31.

Ramos P. Anisakis spp. em bacalhau, sushi e sashimi: risco de infecção parasitária e alergia. Rev Por Cien Vet. 2011; 110: 87-97.

Nunes C, Ladeira S, Mergulhão A. Alergia ao Anisakis simplex na população portuguesa. Rev. Port. Imun. [Internet]. 2003 jan-mar [acesso em 2012 nov 8]; 11 (1): 30-40. Disponível em: http://rpia.spaic.pt/arquivos/?imr=8&fmo=artigo&ia=2&ano=2003&edicao=221&id_pub=1&opcao=2003.

Serrano MCL, Alonso-Gómez A, Moreno-Ancillo, Daschner A, Parga JSde. Anisakiasis gastro-alérgica: Hipersensibilidad inmediata debida a parasitación por Anisakis simples. Alergol Inmunol Clin. 2000 ago; 15 (4): 230-36.

Mesenguer J, Navarro V, Sánchez-Guerrero I, Bartolomé B, Álvarez JMN. Anisakis simplex allergy na nephrotic syndrome. Allergol Immunopathol (Madr). 2007 sep-oct; 35 (5): 216-20. PubMed; PMID 17923077.

Castilho CD, Martínez VC, Ossandón CF. Anisakiasis en um lactante. Rev Chil Pediatr. 2003 jul; 74 (4): 415-16.

Kark M, Leinmann M. A fast and quantitative detection method for nematodes in fish fillets and fishery products. Arsh Lebensmittelhyg. 1993; 44 (5): 105-28.

Heia K, Sivertsen AH, Stormo SK, Elvevoll E, Wold JP, Nilsen H. Detection of nematodes in cod (Gadus morhua) fillets by imaging Spectroscopy. J Food Sci. 2007 jan; 72(1): 11-5. PubMed; PMID 17995879.

Laffon-Leal SM, Myers BJ. Cebiche – a potential souce of humam anisakiasis in México? J Helminthol. 2000 jun; 74 (2): 151-4. PubMed; PMID 10881286.

Berland B. Nematodes from some Norwegian marine fishes. Sarsia. 1961 april 15; 2 (1): 1-50.

Ortega JD, Martínez-Cócera C. Guía de actuacíon em patologia producida por Anisakis. Alergol Inmuol Clin. 2000; 15: 267-72.

Sakanari JA, McKerrow JH. Anisakiasis. Clin Microbiol Rev. 1989 jul; 2 (3):278-84. DOI 10.1128/CMR.2.3.278.

Rodero M, Jiménez A, Cuéllar C. Evaluation by ELISA of Anisakis simplex Larval Antigen Purified by Affinity Chromatography. Mem Isnt Oswaldo Cruz. 2002 mar; 97 (2): 247-52. DOI http://dx.doi.org/10.1590/S0074-02762002000200018.

Arias-Diaz J, Zuloaga J, Vara E, Balibrea J, Balibrea JL. Efficacy of albendazole agains Anisakis simplex in vitro. Dig Liver Dis. 2006 jan; 38 (1): 24-6. DOI http://dx.doi.org/10.1016/j.dld.2005.09.004.

Prado SdePT, Capuano DM. Relato de nematoides da família Anisakidae em bacalhau comercializado em Ribeirão Preto, SP. Rev Soc Bras Med Trop. 2006 nov-dez; 39 (6): 580-81. DOI http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822006000600016.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n°5, 21 de fevereiro de 2006. Inclui doenças na relação nacional de notificação compulsória, define doenças de notificação imediata, relação dos resultados laboratoriais que devem ser notificados pelos laboratórios de Referência Nacional ou Regional e normas para notificação de casos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. 2006 fev. 22; Seção 1. p. 34.

Espanha. Ministerio de Sanidad y Consumo. Informe del Comité Científico de la Agencia Española de Seguridad Alimentaria y Nutrición (AESAN) sobre medidas para reducir el riesgo asociado a la presencia de Anisakis [Internet]. Agencia Española de Seguridad Alimentaria y Nutrición. 2007 sep 19 [acesso em 2012 out 20]. Disponível em: http://www.aesan.msc.es/buscador_general/resultado_busqueda.jsp.

Food And Drug Administration (FDA). Fish and fishery products, hazard and controls guide (21CFR 123). Washington. 1996. p. 23823.

Silva MER, Eiras JC. Occurrence of Anisaki sp. In fishes off the Portuguese West coast and evaluation of its zoonotic potential. Bull Eur Ass Fish Pathol. 2003; 23 (1): 13-7.

Brasil. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Decreto 30.691, de 29 de março de 1952. Regulamento de Inspeção Indústria e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. 1952 jul. 7; Seção 1. p. 10829.

Padovani RdoES, Knoff M, São Clemente SCde, Mesquita EdeFMde, Jesus EFOde, Gomes DC. The effect of in vitro gamma radiation on Anisakis sp. Larvae collected from the pink cusk-ell, Genypterus brasilienisis Regan, 1903. R Bras Ci Vet. 2005 jan-dez; 12(1-3): 137-41.

Downloads

Publicado

2016-03-01

Como Citar

1.
de Souza ME, de Oliveira Cardoso E, Alves Leal L, Pinheiro de Lima TM, Clemente Toledo RC. Anisakidose Humana: Zoonose com risco potencial para consumidores de pescado cru. RVZ [Internet]. 1º de março de 2016 [citado 27º de abril de 2024];23(1):25-37. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/620

Edição

Seção

Artigos de Revisão