Botulismo em cães: revisão de literatura

Autores

  • Carolina Lechinsk de Paula
  • Carmen Daza Bolaños
  • Márcio Garcia Ribeiro

Palavras-chave:

Botulismo, Clostridium botulinum, toxina, cães

Resumo

O botulismo é uma enfermidade causada pela ingestão de toxinas produzidas pelo Clostridium botulinum, bactéria gram-positiva, anaeróbica e formadora de esporos, que está amplamente distribuída na natureza, no solo e em sedimentos de lagos e mares. Em cães, a doença ocorre principalmente pela ingestão da toxina pré-formada presente em comida deteriorada ou carcaças em decomposição. Após a absorção, a toxina migra por via hematógena até as terminações nervosas e bloqueia a liberação da acetilcolina na membrana pré-sináptica da junção neuromuscular, resultando em paralisia completa do neurônio motor inferior. Os cães acometidos apresentam paralisia flácida ascendente da musculatura esquelética, embora a sensibilidade e a consciência sejam mantidas. O diagnóstico presuntivo é realizado com base no histórico do animal bem como nas manifestações clínicas. A técnica padrão para o diagnóstico definitivo é a inoculação intraperitoneal em camundongos. O tratamento de suporte é fundamental para a recuperação. O prognóstico é bom, exceto nos casos com infecções secundárias ou outras complicações. A recuperação é completa geralmente entre 2 a 3 semanas. Nos casos mais severos, pode ocorrer a morte por paralisia da musculatura respiratória. A profilaxia da doença nos cães é baseada na restrição ao consumo de alimentos deteriorados ou carcaças em putrefação.

Referências

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância

Epidemiológica. Manual integrado de vigilância epidemiológica de botulismo. Brasília:

Editora do Ministério da Saúde; 2006.

Barsanti JA. Botulism. In: Greene CE. Infectious diseases of the dog and cat. 4th ed.

Philadelphia: Elsevier Saunders; 2012. p.416-22.

Greene CE. Moléstias bacterianas. In: Ettinger SJ, Feldman EC. Tratado de medicina

interna veterinária: moléstias do cão e do gato. 4a ed. São Paulo: Manole; 1997.

Taylor SM. Doenças neuromusculares. In: Nelson RW, Couto CG. Medicina interna de

pequenos animais. 4a ed. São Paulo: Elsevier; 2010. p.1104-9.

Biberstein EL, Hirsh DC. Os clostrídios. In: Hirsh DC, Zee YC. Microbiologia veterinária.

Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003. p.219-30.

Beer J. Doenças infecciosas em animais domésticos. 2a ed. São Paulo: Roca; 1999. p.255-

Mcgrath S, Dooley JSG, Haylock RW. Quantification of Clostridium botulinum toxin gene

expression by competitive reverse transcription-PCR. Appl Environ Microbiol.

;66:1423-8

Singh BR. Intimate details of the most poisonous poison. Nat Struct Biol. 2000;7:617-9.

Arnon SS. Human tetanus and human botulism. In: Rood JI, Mcclane BA, Songer JG,

Titball RW. The clostridia: molecular biology and pathogenesis. California: Academic

Press; 1997. p.95-115.

Ledermann W. Historia del Clostridium botulinum. Rev Chil Infectol. 2003;20:39-41.

Jones TC, Hunt RD, King NW. Patologia veterinária. 6a ed. São Paulo: Manole; 1997.

Fenicia L, Franciosa G, Pourshaban M, Aureli P. Intestinal toxemia in two young people,

caused by Clostridium butyricum type E. Clin Infect Dis. 1999;29:1381-7.

Fernandez RA, Ciccarelli AS. Botulism: laboratory methods and epidemiology.

Anaerobe. 1999;5:165-8.

Shapiro RL, Hatheway C, Swerdlow DL. Botulism in the United States: a clinical and

epidemiologic review. Ann Intern Med. 1998;129:221-8.

Maboni F, Monego F, Dutra I, Costa MM, Vargas AC. Ocorrência de botulismo em

bovinos confinados no Rio Grande do Sul. Cienc Anim Bras. 2010;11:962-5.

Chaddock JA, Melling J. Clostridium botulinum and associated neurotoxins. In: Sussman

M. Molecular medical microbiology. San Diego: Academic Press; 2001. p.1141-52.

Cereser ND, Costa FMR, Rossi Júnior OD, Silva DAR, Sperotto VR. Botulismo de

origem alimentar. Cienc Rural. 2008;38:280-7.

Eduardo MBP, Mello MLD, Katsuya EM, Campos JC. Manual de Botulismo: orientações

para profissionais de saúde. São Paulo; 2002.

Humeau Y, Doussau F, Grant NJ. How botulinum and tetanus neurotoxins block

neurotransmitter release. Biochimie. 2000;82:427-46

Bleck TP. Clostridium botulinum. In: Mandell GL, Bennett JE, Dolin R. Principles and

practice of infectious diseases. New York: Churchill Livingstone; 1995. p.218-81.

Ferrari ND, Weisse ME. Botulism. Adv Pediatr Infect Dis. 1995;10:81-91.

Kalluri P, Crowe C, Reller M, Gaul L, Hayslett J, Barth S, et al. An outbreak of

foodborne Botulism Associated with Food Sold at a Salvage Store in Texas. Clin Infect

Dis. 2003;37:1490-5.

Cardoso T, Costa M, Almeida HC, Guimaraes M. Botulismo alimentar: estudo

retrospectivo de cinco casos. Acta Med Port. 2004;17:54-8.

Sobel J, Tucker N, Sulka A, McLaughlin J, Maslanka S. Foodborne Botulism in the

United States, 1990-2000. Emerg Infect Dis. 2004;10:1606-11.

Sobel J. Food Safety - Botulism. Clin Infect Dis. 2005;41:1167-73.

Montecucco C, Molgo J. Botulinal neurotoxins: revival of an old killer. Curr Opin

Pharmacol. 2005;5:274-9.

Halouzka J, Hubalek Z. Effect of pH on the stability of type-C toxin of Clostridium

botulinum. Folia Microbiol. 1992;37:157-8.

Hutzler RU. Botulismo. In: Coura JR. Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias.

Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p.1563-6.

Colbachini L, Schocken-Iturrino RP, Marquez LC. Intoxicação experimental de bovinos

com toxina botulínica tipo D. Arq Bras Med Vet Zootec. 1999;51:229-34.

Bruchim Y, Steinman A, Markovitz M, Baneth G, Elad D, Shpigel NY. Toxicological,

bacteriological and serological diagnosis of botulism in a dog. Vet Rec. 2006;158:768-9.

Radostis OM, Blood DC, Gay CC. Clínica Veterinária. 9a ed. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan; 2002.

Atassi MZ, Oshima M. Structure, activity, and immune (T and B cell) recognition of

botulinum neurotoxins. Crit Rev Immunol. 1999;19:219-60.

Rossetto O, Morbiato L, Caccin P, Rigoni M, Montecucco C. Presynaptic enzymatic

neurotoxins. J Neurochem. 2006;97:1534-45.

Hadley HS, Wheeler JL, Petersen SW. Effects of intra-articular botulinum toxin type A

(Botox®) in dogs with chronic osteoarthritis. Veterinary and Comparative Orthopaedics

and Traumatology. 2010;4:255-8.

Rossetto O. Tetanus and botulinum neurotoxins: turning bad guys into good by research.

Toxicon. 2001;39:27-41.

Midura TF. Infant botulism. Clin Microbiol Rev. 1996;2:119-25

Edwards RC, Butt FYS, Bonacci CA, Kendall KA. Wound botulism: a clinical

experience. Otolaryngol Head Neck Surg. 1997;117:S214-8.

Horowitz B Z. Botulinum toxin. Crit Care Clin. 2005;21:825-39.

Corrêa WM, Corrêa CNM. Clostridioses. In: Enfermidades infecciosas dos mamíferos

domésticos. 2a ed. Rio de Janeiro: MEDSI; 1992. p.291-315.

Rusbridge C. Sistema nervoso. In: Ramsey IK, Tennant BJ. Manual de doenças

infecciosas em cães e gatos. São Paulo: Rocca; 2010. p.270-1.

Tilley LP, Smith JR, Francis WK. Consulta veterinária em 5 minutos: espécies canina e

felina. 2a ed. São Paulo: Manole; 2003. p.499-500.

van Nes JJ, van der Most, van Spijk D. Electrophysiological evidence of peripheral nerve

dysfunction in six dogs with botulism type C. Res Vet Sci. 1986;40:372-6.

Lindström M, Korkeala H. Laboratory diagnostics of botulism. Clin Microbiol Rev.

;19:298-314.

Dohms JE. Clostridial diseases : Botulism. In: Kahn CM, Lines S, Aiello SE. The Merck

Veterinary Manual. 10th ed. Whitehouse Station: Merck and Co, Inc; 2010. p.552-3.

Wictome M, Newton K, Jameson K, Hallis B, Dunnigan P, Mackay E, et al.

Development of an in vitro bioassay for Clostridium botulinum type B neurotoxin in

foods that is more sensitive than the mouse bioassay. Appl Environ Microbiol.

;65:3787-92.

Walker EL. Os clostrídeos. In: Hirsh DC, Zee YC. Microbiologia Veterinária. 2a ed. Rio

de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999. p.220-30.

Silva ROS, Salvarani FM, Pires OS, Assis RA, Salles PR, Carvalho Filho MB, et al. Caso

de botulismo tipo C em cão. Cienc Vet Trop. 2008;11:86-9.

Farrow BR, Murrell WG, Revington ML, Stewart BJ, Zuber RM. Type C botulism in

young dogs. Aust Vet J. 1983;60:374-7.

Bors M, Valentine BA, Lahunta A. Neuromuscular disease in a dog. Cornell Vet.

;78:339-45

Kriek NPJ, Odendaal MW. Botulism. In: Coetzer JAW, Thomson GR, Tustin RC.

Infectious diseases of livestock. Cape Town: Oxford Press; 1994. p.1354-71.

Rocke TE, Samuel MD, Swift KP,Yarris GS. Efficacy of a type C botulism vaccine in

greenwinged teal. J Wildlife Dis. 2000;36:489-93.

Lobato FCF, Salvarani FM, Silva ROS, Souza AM, Lima CGRD, Pires PS, et al.

Botulismo em ruminantes causado pela ingestão de cama de frango. Cienc Rural.

,38:1176-8.

Arimitsu H, Lee JC, Sakaguchi Y, Hayakawa Y, Hayashi M, Nakaura Miki, et al.

Vaccination with recombinant whole heavy chain fragments of Clostridium botulinum

Type C and D neurotoxins. Clin Diagn Lab Immunol. 2004;11:496-502.

Coleman ES. Clostridial neurotoxins: tetanus and botulism. Compend Contin Educ Pract

Vet. 1998;20:1089-94.

Downloads

Publicado

2016-03-01

Como Citar

1.
Lechinsk de Paula C, Daza Bolaños C, Garcia Ribeiro M. Botulismo em cães: revisão de literatura. RVZ [Internet]. 1º de março de 2016 [citado 23º de dezembro de 2024];23(1):38-4. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/621

Edição

Seção

Artigos de Revisão

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)