ASPECTOS DA INFECÇÃO POR Anaplasma marginale EM BOVINOS EXPERIMENTALMENTE INFECTADOS

Autores

  • Welber Daniel Zanetti Lopes
  • João Ricardo de Souza Martins
  • Alvimar José Costa
  • Vando Edesio Soares
  • Weslen Fabricio Teixeira
  • Breno Cayeiro Cruz
  • Willian Maciel
  • Gustavo Felippelli
  • Rafael Silveira Carvalho

Palavras-chave:

Anaplasmose, oxitetraciclina, tristeza parasitária bovina, parasitemia

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo, avaliar os aspectos clínicos, hematológicos,
parasitológicos, bem como a eficácia da oxitetraciclina longa ação, contra Anaplasma
marginale, em bovinos experimentalmente infectados. Seis animais soronegativos foram
obtidos pela RIFI. No dia 9 do estudo, três animais foram esplenectomizados, e no dia zero,
os seis bovinos foram inoculados com aproximadamente 1x106 hemácias parasitadas por
Anaplasma marginale. A temperatura retal foi aferida do 1º ao 35º dia pós-inoculação (DPI).
Já o volume globular (VG - microhematócrito) e o cálculo da parasitemia, foram obtidos do
10º ao 35º DPI. Os animais receberam tratamento específico (oxitetraciclina LA), quando
apresentaram, inicialmente, hipertermia (≥39,2ºC) e parasitemia ≥2,0%, e receberiam novos
tratamentos, até ocorrer estabilização clínica e parasitológica do animal. Analisando os
resultados, verifica-se que no 21º DPI a parasitemia foi presente nos seis animais, neste
mesmo dia, iniciou o decréscimo no VG dos animais. A temperatura retal dos bovinos atingiu
picos febris ≥39,2, a partir do 23º DPI, dia este em que a parasitemia encontrava-se em
ascensão. De um modo geral, o tratamento específico contra A. marginale, precisou ser
realizado cerca de três dias após o hemoparasita ter sido identificado na corrente sanguínea
periférica dos animais. Os animais tiveram de receber de um a quatro tratamentos específicos
contra A. marginale para a estabilização do quadro clínico/parasitológico dos animais. Não
houve eliminação total dos parasitas após os tratamentos. Com base no modelo experimental
utilizado neste estudo, pode-se concluir-se que, os bovinos necessitaram do primeiro
tratamento específico contra A. marginale, cerca de 72 horas após a detecção direta do
parasita em lâminas. Foram necessários, de um a quatro tratamentos para a recuperação
clínica e a diminuição parasitológica do agente nos animais. Além disso, o período pré-
patente e consequentemente o de incubação para esta enfermidade foi, em média, de 21 dias,
entretanto, este período pode se estender, um pouco mais, de acordo com a quantidade de
inoculo utilizado ou também a via de administração utilizada para infectar os bovinos.

Referências

Moura AB, Vidotto O, Yamamura MH, Vidotto MC, Pereira AB. Studies of the

Anaplasma marginale Theiler, 1910 infection in Boophilus microplus (Canestrini, 1887)

using “Nestede” PCR. Rev Bras de Parasitol Vet. 2003;12(3):27-32.

Dumler JS, Barbet AF, Bekker CPJ, Dash GA, Palmer GH, Ray SC, et al. Reoganization

of genera in the Families Rickettssiacea and Anaplasmateceae in Order Rickettsiales:

unification of some species of Ehrlichia with Anaplasma, Cowdria with Ehrlichia and

Ehrlichia with Neorickettsia, descriptions of six new species combinations and designation

of Ehrlichia equi and HGE agent as subjective synonyms of Ehrlichia phagocytophila. Int

J Syst Evol Microbiol. 2001;51(4):2145-65.

Yu XJ, Zhang XF, McBride JW, Zhang Y, Walker H. Phylogenetic relationships of

Anaplasma marginale and Ehrlichia platys to other Ehrlichia species determined by

GroEL amino acid sequences. Int J Syst Evol Microbiol. 2001;51(5)1143-6.

Scoles GA, Broce AB, Lysky TJ, Palmer GH. Relative efficiency of biological

transmission of Anaplasma marginale (Ricketssiales: Anaplasmateceae) by Dermacentor

andersoni (Acari: Ixodidae) compared with mechanical transmission by Stomoxys

calcitrans (Diptera: Muscidae). J Med Entomol. 2005;4(1):668-75.

Aguirre DH, Gaido AB, Vinadal AE, Echaide DST, Guglielmone AA. Transmission of

Anaplasma marginale with adult Boophilus microplus ticks fed as nymphs on calves with

different level rickettsamaemia. Parasite. 1994;1:405-7.

Kessler RH. Considerações sobre a transmissão de Anaplasma marginale. Pesqui Vet Bras.

;21(2):177-9.

Figueroa JV, Alvarez JA, Ramos JA, Rojas EE, Santiago C, Mosqueda JJ, et al. Bovine

babesiosis and anaplasmosis follow-up on cattle relocated in an endemic area for

hemoparasitic diseases. Ann N Y Acad Sci. 1998;849(1):1-10.

Coronado A. Is Boophilus microplus the main vector of Anaplasma marginale? Rev Cient.

;11(3):408-11.

Guglielmone AA. Epidemiology of babesiosis and anaplasmosis in South and Central

America. Vet Parasitol. 1995;57(4)109-19.

Ribeiro MFB, Mila JD, Salcedo JHP. Attempted transmission of Anaplasma marginale

by infected Boophilus microplus. Arq Bras Med Vet Zootec. 1996;48(4):397-402.

Cornnel M, Hall WTK. Transmission of Anaplasma marginale by the cattle tick

Boophilus microplus. Aust Vet J. 1972;48(1):477.

Ribiero MFB, Lima JD, Guimarães AM, Scatamburlo MA, Martins NE. Transmissão

congênita da anaplasmose bovina. Arq Bras Med Vet Zootec. 1995;47(6):297-304.

Stich RW, Kocan KM, Palmer GH, Ewing SA, Hair JÁ, Barronm SJ. Transestadial and

attempted trasnovarial transmission of Anaplasma marginale by Dermacentor

variabilis. Am J Vet Res. 1989;50(3):1377-80.

Shimada MK, Yamamura MH, Kawasaki PM, Tamekuni K, Igarashi M, Vidotto O, et

al. Detection of Anaplasma marginale DNA in larvae of Boophilus microplus ticks by

polymerase chain reaction. Ann N Y Acad Sci. 2004;1026(2):95-102.

Jonsson MK, Reid SWJ. Global climate change and vector borne diseases. Vet J.

;160(2):87-9.

McCallon BR. Prevalence and economic aspects of anaplasmosis. In: Proceedings of

th National Anaplasmosis Conference; 1973; Las Vegas. p.1-3.

Oliveira AA, Pedreira PAS, Almeida MFR. Doenças de bezerro. II epidemiologia da

anaplasmose no estado de Sergipe. Arq Bras Med Vet Zootec. 1992;44(5):377-86.

Santos HQ, Madruga CR, Linhares GFC. Estudo de prevalência de anticorpos antiAnaplasma marginale em bovinos de leite da microrregião de Goiânia, pela reação de

imunofluorescência indireta e Elisa. Rev Bras Cienc Vet. 2001;8(2):31-4.

Instituto Interamericano de Cooperacion para la Agricultura. Técnicas para el

Diagnóstico de Babesiosis y Anaplasmosis Bovina. Costa Rica: IICA; 1984.

Portaria nº 48, de 12 de Maio de 1997. Dispõe sobre o regulamento técnico para

licenciamento e/ou renovação de licença de produtos antiparasitários de uso veterinário.

Diário Oficial da União. 16 Maio 1997.

Coetzee JF, Apley MD, Kocan KM, Rurangirwa FR, Van Donkersgoed J. Comparison

of three oxytetracycline regimens for the treatment of persistent Anaplasma marginale

infections in beef cattle. Vet Parasitol. 2005;127(5):61-73.

Massone F. Anestesiologia veterinária: farmacologia e técnicas. 5a ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan; 2008.

Terra RL. História, exame físico e registros clínicos dos ruminantes. In: Smith BP.

Tratado de Medicina interna de grandes animais. Vol 1. São Paulo: Manole; 1993. p.3-

Feitosa FLF. Semiologia veterinária: a arte do diagnóstico. 2a ed. São Paulo: Roca;

Palmer GH, Barbet AF, Cantor GH, McGuire TC. Immunization of cattle with the

MSP-1 surface protein complex induces protection against a structurally variant

Anaplasma marginale isolate. Infect. Immun. 1989;57(5):36666-9.

Gale KR, Leatch G, Vos AJ, Jorgensen WK. Anaplasma marginale effect of challenge

of cattle with varyng dosis of infected erytocyter. Int J Parasitol. 1996;26(4):1417-20.

Lopes WDZ, Balieiro JCC, Santos RS, Untura RM. Comportamento do volume

globular e da temperatura retal durante a fase de imunização de bovinos puros de

origem importados. Hora Vet. 2004;141(6):49-51.

Jubb KVF, Fennedy PC, Palmer N. Pathology of domestic animals. Vol 3. 4th ed. New

York: Academis Press; 1993.

Lima JD, Silva AC, Silva DSF. Eficácia do cloridrato de oxitetraciclina de longa ação

no tratamento da anaplasmose em bovinos submetidos à premunição. Hora Vet.

;108(4):37-42.

Rebhun W, Guard C, Richards CM. Doenças do gado leiteiro. São Paulo: Roca; 2000.

Kocan KM, Fuente J, Blouin E, Coetzze JF, Ewing SA. The natural history of

Anaplasma marginale. Vet Parasitol. 2010;167(2):95-107.

Magonigle RA, Newby TJ. Elimination of naturally acquired chronic Anaplasma

marginale infections with a long-acting oxytetracycline injectable. Am J Vet Res.

;43(6):2170-2.

Roby TO, Simpson JE, Amerault TE. Elimination of the carrier state of bovine

anaplasmosis with a long-acting oxytetracycline. Am J Vet Res. 1978;39(7):1115-6.

Kuttler KL. Influence of a second Anaplasma exposure on the success of the treatment

to eliminate Anaplasma carrier infections in cattle. Am J Vet Res. 1983;44(1):882-3.

Swift BL, Thomas GM. Bovine anaplasmosis: elimination of the carrier state with

injectable long-acting oxytetracycline. J Am Vet Med Assoc. 1983;183(3):63-5.

Rogers RJ, Dunster PJ. The elimination of Anaplasma marginale from carrier cattle by

treatment with long acting oxytetracycline. Aust Vet J. 1984;61(3):306-8.

Ozlem MB, Karaer Z, Turgut K, Eren H, Irmak K, Inci A. Efficacy of long-acting

oxytetracycline on bovine anaplasmosis. A U Vet Fak Derg. 1988;35(2):1-5.

World Organisation for Animal Health (OIE). Bovine anaplasmosis. In: Terrestrial

animal health code. Paris: OIE; 2011. Chap 11.1.

Todorovic RA, Lopez AG, Conzalez EF. Bovine babesiosis and anaplasmosis: control

by premonition and chemoprophylaxis. Exp Parasitol. 1975;37(3):92-104.

Carson CA, Sellis DM, Ristic M. Cell-mediated related to challenge exposure of cattle

inoculated with virulent and attenuated strains of Anaplasma marginale. Am J Vet Res.

;38(2):1167-72.

Loos ACS, Lima JD, Braz JR, Assumpção TI. Avaliação da resposta humoral para

anaplasmose em bovinos submetidos à premunição. Arq Bras Med Vet Zootec.

;44(3):397-406.

Silva AC, Lima JD. Utilização de inoculo padronizado na premunição de bovinos

contra anaplasmose e babesiose. Rev Bras Parasitol Vet. 1995;4(1):212-4.

Facury-Filho EJ, Carvalho AU, Ferreira PM, Moura MF, Apolonário BC, Santos LP, et

al. Effectiveness of enrofloxacin for the treatment of experimentally-induced bovine

anaplasmosis. Rev Bras Parasitol Vet. 2012;21(2):32-6.

Ajayi SA, Wilson AJ, Campbell RSF. Experimental bovine anaplasmosis: clinicopathological and nutritional studies. Res Vet Sci. 1978;25(2):76-81.

Blouin EF, De la Fuente J, Garcia-Garcia JC, Sauer JR, Saliki JT, Kocan KM.

Applications of a cell culture system for studying the interaction of Anaplasma

marginale with tick cells. Anim Health Res Rev. 2002;3(2):57-68.

De la Fuente J, Golsteyn Thomas EJ, Van Den Bussche A, Hamilton RG, Tanaka EE,

Druhan SE, et al. Characterization of Anaplasma marginale isolated from North

American bison. Appl Environ Microbiol. 2003;69(2):5001-5.

Ferreira Neto JM, Viana ES, Magalhães LM. Patologia clínica veterinária. Belo

Horizonte: Rabelo e Brasil; 1978.

Jones TC, Hunt RD, King NW. Patologia veterinária. 6a ed. São Paulo: Manole; 2000.

p.76-9.

Fuentes IP, López MV, Pascual LC, Richman ER. Icterícia. In: Protocolo Diagnóstico e

Terapêutica em Pediatria [Internet]. Madrid: Asociación Española da Pediatría; 2004

[cited 2008 Sept 25]. Available from: http://www.aeped.es/protocolos/urgencias/15.pdf.

Boero JJ. Parasitosis in animals: piroplasmosis. Tomo II. Buenos Aires: Editorial Uni;

Downloads

Publicado

2022-02-15

Como Citar

1.
Lopes WDZ, Martins JR de S, Costa AJ, Soares VE, Teixeira WF, Cruz BC, Maciel W, Felippelli G, Carvalho RS. ASPECTOS DA INFECÇÃO POR Anaplasma marginale EM BOVINOS EXPERIMENTALMENTE INFECTADOS. RVZ [Internet]. 15º de fevereiro de 2022 [citado 29º de abril de 2024];23(2):272-84. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/764

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)