PREVALÊNCIA E IMPACTO ECONÔMICO DO PRODUTOR DECORRENTE DA RETENÇÃO DE PLACENTA EM REBANHOS LEITEIROS DA AGRICULTURA FAMILIAR, DO SUDOESTE PARANAENSE

Autores

  • Fabricio Bernardi
  • Marina Gabriela Possa
  • Adalgiza Pinto Neto
  • Claudemir Weber
  • Guilherme Oberlender

Palavras-chave:

bovinos, prejuízos, prevalência, retenção de placenta

Resumo

A retenção de placenta é uma síndrome multifatorial caracterizada pela permanência de parte
ou totalidade das membranas fetais no lúmen uterino de 12 a 24 horas após o parto. Neste
estudo, avaliou-se a prevalência, o conhecimento dos produtores e o impacto econômico
direto decorrente da retenção de placenta em vacas leiteiras oriundas de rebanho da
agricultura familiar no Sudoeste Paranaense. Foram observados 607 partos, durante um ano,
em 25 propriedades leiteiras de agricultura familiar localizadas em quatro municípios da
Região estudada. Considerou-se para o diagnóstico, a placenta retida após 12 horas do parto.
Foi aplicado um questionário semiestruturado ao produtor de leite em todas as propriedades
que registraram retenção de placenta contendo informações sobre o conhecimento do
produtor, prevalência, época de ocorrência, vaca e tratamento instituído, avaliando-se os
prejuízos diretos. Os resultados revelaram que 14,66% das vacas tiveram retenção de
placenta, 100% dos produtores de leite souberam o que é retenção de placenta, que a
enfermidade resulta em prejuízos e solicitaram atendimento veterinário. Os produtores
consideraram placenta retida de 12 à 72 horas após o parto, refletindo na demora para o
atendimento veterinário. 36% dos produtores consideraram fatores de risco apenas aqueles
ligados ao manejo, 12% a enfermidades, 28% ao manejo e a enfermidades, 4% a
enfermidades e fatores ligados aos animais e 8% consideraram ao manejo, a enfermidades e
aos animais. A prevalência média de retenção de placenta variou entre as propriedades de 2,9
a 50%, sendo registrados casos nos quatro municípios de estudo. A época de maior
prevalência foi a época fria, acometendo 78% dos animais da Raça Holandesa, sendo 37,3%
das vacas com 1-4 anos, 49,4% com 4-7 e 13,5% acima de 7 anos. 57,3% das vacas se
encontravam na 2ª a 4ª crias, 21,3% na 1ª e 21,3% com cinco ou mais crias. O tratamento
instituído variou entre os animais (antibiótico, antiinflamatório e prostaglandina F2α). A
perda econômica média foi R$ 242,19 (± 85,98) por animal acometido. Observa-se assim,
uma expressiva prevalência de retenção de placenta nos rebanhos estudados, possivelmente
decorrente da multiplicidade dos fatores predisponentes.

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Publicado

2022-02-23

Como Citar

1.
Bernardi F, Possa MG, Neto AP, Weber C, Oberlender G. PREVALÊNCIA E IMPACTO ECONÔMICO DO PRODUTOR DECORRENTE DA RETENÇÃO DE PLACENTA EM REBANHOS LEITEIROS DA AGRICULTURA FAMILIAR, DO SUDOESTE PARANAENSE. RVZ [Internet]. 23º de fevereiro de 2022 [citado 2º de maio de 2024];23(3):453-64. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/799

Edição

Seção

Artigos Originais