A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE FLEBOTOMÍNEOS COMO PLANEJAMENTO E AÇÕES DE CONTROLE NAS LEISHMANIOSES

Autores

  • Gabriela Villa Pirajá
  • Simone Baldini Lucheis

Palavras-chave:

saúde pública, zoonoses

Resumo

As leishmanioses estão entre as doenças infecciosas parasitárias de maior incidência no mundo. A transmissão para o vertebrado ocorre pela picada do inseto (gênero Lutzomyia) infectado com as formas promastigotas da Leishmania. Este gênero é considerado o de maior importância por conter espécies transmissoras do parasito aos humanos, com ampla distribuição no Brasil, desde regiões do sul até o norte do país. Os vetores que albergam estes parasitos são os flebótomos, dípteros pertencentes à família Psychodidae e subfamília Phlebotominae, encontrados em toda a região tropical, especialmente nas regiões quentes e úmidas do planeta. A taxa de flebotomíneos naturalmente infectados em áreas endêmicas e a identificação correta da espécie de Leishmania em uma determinada espécie de flebotomíneo são de grande importância na epidemiologia das leishmanioses. Das 476 espécies de flebotomíneos encontradas nas Américas, aproximadamente 40 estão envolvidas na transmissão das leishmanioses. O processo de armazenamento de insetos para o diagnóstico da infecção natural por Leishmania a partir do conteúdo estomacal de flebotomíneos é de grande significado ecológico e epidemiológico. A utilização de métodos moleculares constitui-se em importantes passos prévios a serem sugeridos ao entomologista de modo a tornar esta ferramenta mais sensível e específica. Para o desenvolvimento das pesquisas entomológicas, diversas armadilhas têm sido desenvolvidas e produzidas comercialmente, como a armadilha do tipo “CDC” (Centers on Diseases Control and Prevention), a qual vem sendo bastante utilizada pela sua eficiência. A utilização de coleira impregnada com deltametrina, sendo trocada a cada três meses, tem sido muito eficaz como medida de profilaxia contra flebotomíneos. Neste trabalho de revisão literária, ressaltamos alguns aspectos importantes da pesquisa entomológica nas leishmanioses como ferramentas de prevenção para esta zoonose.

Referências

Medeiros ACR, Rodrigues SS, Roselino AMF. Comparison of the especificity of PCR and the histopathological detection of leishmania for the diagnosis of American cutaneous leishmaniasis. Braz Med Biol Res . 2012; 35(4):421-4.

World Health Organization– WHO. Leishmaniasis. 2012. [internet]. Geneva:WHO;2012 [acesso 8 de maio de 2013].Disponível em: http://www.who.int/leishmaniasis/burden/magnitude/burden_magnitude/en/index.html

Ministério da Saúde. Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral. Brasília; 2007.

Harhay MO, Olliaro PL, Costa DL, Csota CHN. Urban parasitology: visceral leishmaniasis in Brazil. Trend Parasitol .2011; 27(1):403-9.

Dias FOP, Lorosa ES, Rebelo JMM. Fonte alimentar sanguínea e a peridomiciliação de Lutzomyia longipalpis (Lutz & Neiva, 1912) (Psychodidae, Phlebotominae. Cad Saúde Pública. 2003; 19(5):1373-80.

Monteiro CC. O papel da microbiota intestinal na competência vetorial do Lutzomyia longipalpis para a Leishmania (Leishmania) infantum chagasi e a transmissão do parasito ao vertebrado pela da picada [dissertação]. Belo Horizonte: Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Centro de Pesquisa René Rachou; 2012.

Marzochi MCA. A leishmaniose tegumentar no Brasil. In: Grandes endemias brasileiras. Brasília: Ed. Universidade de Brasília; 1989.

Lainson R, Shaw JJ. Evolution, classification and geographical distribution. In: Peters W, Killick-Kendrick R, editors. The leishmaniasis in biology and medicine. London: Academic Press; 1987; 1(1): 1-120.

Killick-Kendrick R. Some epidemiological consequences of the evolutionary fit between leishmania and their phlebotomine vectors. Bull Soc Pathol Exotique.1985; 78(5):747-5.

Kuhls K, Alam MZ, Cupolillo E, Ferreira GEM, Mauricio I L, Oddone R, et al. Comparative microsatellite typing of new world Leishmania infantum reveals low heterogeneity among populations and its recent Old Word Origin. Negl Trop Dis. 2011; 5(6)1155-71.

Sherlock IA, Miranda JC, Saigursky M, Grimaldi JG. Natural infection of the opossum Didelphis albiventris (Marsupialia, Didelphidae) with Leishmania donovani, in Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 1984; 79(4):511.

Lainson R, Braga RR, Souza AA, Povoa MM, Ishikawa EA, Silveira FT. Leishmania (Viannia) shawi sp.n., a parasite of monkeys, sloths and procyonids in Amazonian Brazil. Parasitol Hum Comp. 1989; 64(3):200-7.

Ministério da Saúde. Manual de vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana. 2 ª ed. Brasília; 2007. p.1-30.

Oliveira-Pereira YN, Moraes JLP, Lorosa ES, Rebêlo JMR. Preferência alimentar sanguínea de flebotomíneos da Amazônia do Maranhão, Brasil. Cad Saúd Pública. 2008; 24(9):2183-6.

Galati EAB, Nunes VLB, Cristaldo G, Rocha HC. Aspectos fazer comportamento da fauna flebotomínea (Diptera: Psychodidae) em foco de leishmaniose visceral e tegumentar na Serra da Bodoquena e área adjacente, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Rev Patol Trop. 2003; 32(2):235-61.

Saraiva EM, Barbosa AF, Santos FN, Borja-Cabrera GP, Nico D, Souza LO, et al. The FML vaccine (Leishmune®) against canine visceral leishmaniasis: a transmission blocking vaccine. Vaccine. 2006; 24(13):2423-31.

Teodoro U, Santos DR, Santos AR, Oliveira O, Poiani LP, Silva AM, Neitzke HC,Monteiro WM, Lonardoni MVC, Silveira TGV. Informações preliminares sobre flebotomíneos (Diptera – Psychodidae) de municípios do norte pioneiro do estado do Paraná, sul do Brasil. Revista de Saúde Pública. 2006; 40(2): 327-30.

Moschin JC, Ovallos FG, Sei IA, Galati EAB. Ecological aspects of phlebotomine fauna (Diptera, Psychodidae) of Serra da Cantareira, Greater São Paulo Metropolitan region, state of São Paulo, Brazil. Rev. Bras. Epidemiol. 2013;16 (1):190 -201.

Dias ES, França-Silva JC, Da Silva JM, Monteiro EM, De Paula KM, Gonçalves CM, et al. Sandflies (Diptera: Psychodidae) in an outbreak of cutaneous leishmaniasis in the State of Minas Gerais. Rev Soc Bras Med Trop. 2007; 40(1):49-52.

Silva DF, Vasconcelos SD, Eiras AE. Análise de atrativos químicos na coleta de flebotomineos em uma área de mata atlântica da cidade de Recife, Pernambuco, Brasil. Bol. Mus. Int. de Roraima. 2013; 7(1): 24-7.

Pugedo H, Barata RA, França- Silva JC, Silva JC, Dias ES. HP: um modelo aprimorado de armadilha luminosa de sucção para a captura de pequenos insetos. Rev Soc Bras Med Trop. 2005; 38 (1):70-2.

Biagi FF. Algunos comentarios sobra las leishmaniasis y sus agentes etiológicos, Leishmania tropica mexicana, nueva subspecie. Medicina (Mexico). 1953; 33(683):401-6.

Floch H. Leishmania tropica guyanensis n.sp. agent de la leishmaniose tégumentaire des Guyanes et l'Amérique Centrale. Arc Inst Past Guya Franc Ter In. 1954 ; 15(328):1-4.

Nery-Guimarães F, Costa O. Observações sôbre o comportamento da "Leishmania" produtora de infecção natural em "Oryzomys goeldi" na Amazônia. (Segunda nota). O Hospital (Rio de Janeiro). 1964; 66(2):287-2.

Lainson R, Shaw JJ, Lins ZC. Leishmaniasis in Brazil: IV. The fox, Cerdocyon thous (L) as a reservoir of Leishmania donovani in Para State, Brazil. Trans R Soc Trop Med Hyg. 1969; 63(6):741-5.

Miles MA, Póvoa MM, Souza AA, Lainson R, Shaw JJ. Some methods for the enzymic characterization of Latin-American Leishmania with particular reference to Leishmania mexicana amazonensis and subspecies of Leishmania hertigi. Trans R Soc Trop Med Hyg. 1980; 74(2):243-52.

Kreutzer RD, Corredor A, Grimaldi Junior G, Grogl M, Rowton ED, Young DG, et al. Characterization of Leishmania colombiensis (Kinetoplastida: Trypanosomatidae), a new parasite infecting humans, animals and phlebotomine sand flies in Colombia and Panama. Am Trop Med Hyg. 1991; 44(6):662-75.

Silveira FT, Ishikawa EA, Souza AA, Lainson R. An outbreak of cutaneous leishmaniasis among soldiers in Belém, Pará State, Brazil, caused by Leishmania (Viannia) lindenbergi n.sp. A new leishmanial parasite of man in the Amazon Region. Parasite. 2002 ; 9(1):43-50.

Missawa NA, Veloso MAE, Maciel GBML, Micalsky EM, Dias ES. Evidence of transmission of visceral leishmaniasis by Lutzomyia cruzi in the municipality of Jaciara, State of Mato Grosso, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2011; 44(1):76-8.

Cutolo AA, Von Zuben CJ. Flebotomíneos (Diptera, Psychodidae) de área de cerrado no município de Corumbataí, centro-leste do estado de São Paulo. Rev Bras Parasitol Vet. 2008;

(1): 45-9.

Ryan L, Vexenat A, Marsden PD, Lainson R, Shaw JJ. The importance of rapid diagnosis of new cases of cutaneous Leishmaniasis in pin-pointing the sandfly vector. Trans R Soc Trop Med Hyg. 1990; 84(6):786.

Young DG, Arias JR. Flebótomos vectores de leishmaniosis en las Américas. Washington: OPAS; 1992.

Teodoro U, La Salvia Filho V, De Lima EM, Spinosa RP, Barbosa OC, Ferreira MEMC, et al. Phlebotomines in an area of the transmission of American cutaneous leishmaniasis in the north of Parana State, Brazil: seasonal variation and nocturnal activity. Rev Saúde Pública. 1993; 27(3):190-4.

Galati EAB, Nunes VLB, Rêgo FA, Oshiro ET, Chang MR. Estudo de flebotomíneos (Diptera:Psychodidae) em foco de leishmaniose visceral no Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Rev Saúde Pública. 1997; 31(4):378-90.

Domingos MF, Carreri-Bruno GC, Ciaravolo RMC, Galati EAB, Wanderley DMV, Corrêa FMA. Leishmaniose tegumentar americana: flebotomíneos de área de transmissão, no município de Pedro de Toledo, região sul do Estado de São Paulo, Brasil. Rev Soc Bras Med Trop. 1998; 31(5): 425-32.

Rebêlo JMM, Leonardo FS, Costa FML, Pereira YNO, Silva FS. Flebotomíneos (Diptera, Psychodidae) de área endêmica de leishmaniose na região dos cerrados, Estado do Maranhão, Brasil. Cad Saúde Pública. 1999; 15(3):623-30.

Oliveira-Pereira YN, Moraes JLP, Lorosa ES, Rebêlo JMR. Preferência alimentar sanguínea de flebotomíneos da Amazônia do Maranhão, Brasil. Cad Saúd Pública. 2008; 24(9):2183-6.

Silva FS, De Carvalho LPC, Souza JM. Flebotomíneos (Díptera: Psychodidae) associados a abrigos de animais domésticos em área urbana do nordeste do estado de Maranhão, Brasil. Rev Patol Trop. 2012; 41 (3):337-47.

Carvalho SMS, Dos Santos PRB, Lanza H, Brandão-Filho SP. Diversidade de flebotomíneos no Município de Ilhéus, Bahia. Epidemiol Serv Saúde. 2010; 19(3):239-44.

Guimarães VCFV, Costa PL, Da Silva FJ, Da Silva KT, Da Silva KG, De Araújo AIF, Rodrigues EHG, Filho SBP. Phlebotomine sandflies (Diptera: Psychodidae) in São Vicente Férrer, a sympatric area to cutaneous and visceral leishmaniasis in the state of Pernambuco, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2012; 45(1) : 66-70.

Cruz MFR. Galati EAB, Cruz CFR.. Ecological aspects of the sandfly fauna (Diptera, Psychodidae) in an American cutaneous leishmaniasis endemic area under the influence of hydroelectric plants in Paranapanema river, State of Paraná, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2012; 45(4): 430-6.

Legriffon CMO, Reinhold-Castro KR, Fenelon VC, Neitzke-Abreu HC, Teodoro U. Sandfly frequency in a clean and well-organized rural environment in the state of Paraná, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2012; 45(1) : 77-82.

Teles CBG, Basano SA, Zagonel- Oliveira M,Campos JJ, De Oliveira AFJ,De Freitas RA,MedeirosJF, Pessoa FAC, Barral A, Camargo LMA. Epidemiological aspects of American cutaneous leishmaniasis and phlebotomine sandfly population , in the municipality of Monte Negro, state of Rondônia ,Brazil. Rev Soc BrasMed Trop. 2013; 46(1): 60-6.

Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual para recomendações de diagnósticos, tratamento e acompanhamento de pacientes com a coinfecção Leishmania- HIV. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.

Lorosa ES, Andrade RE. Identificação de fontes alimentares de mosquitos no município de Nova Iguaçu, RJ, Brasil, pela técnica da reação de precipitina. Entomología y Vectores . 1998; 5: 85-92, 1998.

- Service MW, Volle A, Bidwell DE. The enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) test for the identification of blood-meals of haemathophagous insects. Bulletin of Entomological Research. 1986 ; 76 : 321-30.

- Quinnell RJ, Dye C, Shaw JJ. Host preferences of the phlebotomine sandfly Lutzomyia longipalpis in Amazon Brazil. Medical and Veterinary Entomology.1992; 6 (3):195-20.

- Colmenares M, Portús M, Botet J, Dobãno C, Gállego M, Wolff M, SEGUÍ, G. Identification of blood meals of Phlebotomus perniciosus (Diptera: Psychodidae) in Spain by a competitive enzime-linked-immunosorbent assay biotin / avidin method. Journal of Medical Entomology. 1995: 32 (3) : 229-33.

- Svodobová M, Sádlova J, Chang KP, Volf P. Distribution and feeding preference of the sandflies Phlebotomus sergenti and Phlebotomus papatasi in a cutaneous leishmaniasis focus in Sanliurfa, Turkey. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 2003, 68(1): 6-9.

- Marassá AM, Consales CA, Galati EAB. Padronização da técnica imunoenzimática do ELISA de captura, no sistema avidina-biotina para a identificação de sangue ingerido por Lutzomyia (Lutzomyia) longipalpis (Lutz & Neiva, 1912). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2004; 37 (6), 441-446.

Paiva RP, Secundino N FC., Pimenta PFP, Galati EAB, Junior HFA, Malafronte RS. Padronização de condições de DNA de Leishmania spp. em flebotomíneos (Díptera, Psychodidae) pela reação em cadeia da polimerase . Cad Saúde Pública, Rio de Janeiro .2007; 23 (1): 87-94.

Michalsky EM, Fortes-Dias CL, Pimenta PFP, Secundino NFC, Dias ES. Assessment of PCR in the detection of Leishmania spp. in experimentally infected individual phlebotomine sandflies (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae). Rev Inst Med Trop São Paulo. 2002; 44 (5): 255-9.

Ministério da Saúde. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose visceral. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

Andrade ARO, Dorva MEMC, Andrade SMO, Marques A., Silva BAK, Andreotti R. Phlebotominefauna in the Ponta Porã city: epidemiological importance in border line between Brazil and Paraguay. Asi Pac TropDis, Hong Kong. 2012;2 (5):362–6.

WHO (2001) Action Plan for the Reduction of Reliance on DDT in Disease Vector Control. Document WHO/SDE/WSH/01.5. World Health Organization, Geneva. 41 pp.

Downloads

Publicado

2022-04-26

Como Citar

1.
Pirajá GV, Lucheis SB. A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE FLEBOTOMÍNEOS COMO PLANEJAMENTO E AÇÕES DE CONTROLE NAS LEISHMANIOSES. RVZ [Internet]. 26º de abril de 2022 [citado 28º de abril de 2024];21(4):503-15. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/970

Edição

Seção

Artigos de Revisão

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>