VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS LEISHMANIOSES NO MUNICÍPIO DE MONTE MOR, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL
Palavras-chave:
Leishmania, epidemiologia, leishmaniose canina, flebotomíneos, sorologia, região metropolitana de CampinasResumo
As leishmanioses tegumentar (LTA) e visceral americana (LVA), em caninos e humanos, encontram-se em crescente expansão no Estado de São Paulo. Para a vigilância epidemiológica dessas endemias, é fundamental o conhecimento da distribuição e ecologia das diferentes espécies vetoras de flebotomíneos e, para a LVA, o conhecimento da prevalência da enfermidade no cão, seu principal reservatório. Objetivou-se assim verificar a abundância e distribuição de flebotomíneos e pesquisar a presença de anticorpos anti-Leishmania em uma amostra da população canina do município de Monte Mor, SP, visando identificar possíveis cães infectados. Nas capturas de flebotomíneos utilizaram-se armadilhas automáticas luminosas do tipo CDC em 16 pontos diferentes do município, no período noturno (18h às 8h), de abril de 2006 a abril de 2008, com posterior processamento e identificação dos espécimes. Um total de 319 amostras de soro canino foi processado pelas técnicas de ELISA e RIFI com utilização de Leishmania major como antígeno. Em 14 dos 16 locais avaliados encontraram-se flebotomíneos, num total de 86 exemplares, com identificação de sete espécies: Nyssomyia neivai, N. whitmani, Pintomyia monticola, P. pessoai, Migonemyia migonei, Brumptomyia brumpti e Evandromyia termitophila. N. neivai, considerada a principal espécie vetora de LTA no Estado de São Paulo, mostrou-se a mais abundante com 48,84% do total capturado e presente em dez dos 14 locais com flebotomíneos. Todas as 319 amostras caninas apresentaram-se negativas para anticorpos anti-Leishmania. A abundância de N. neivai, aliada à presença de espécies vetoras secundárias como N. whitmani, M. migonei e P. pessoai, ilustra risco de transmissão da LTA no município. A ausência de Lutzomyia longipalpis e de cães reagentes para leishmaniose, indicam até o momento ausência da LVA canina, com baixo risco de estabelecimento desta doença no município. Ressalta-se, porém, a necessidade da manutenção das ações de vigilância epidemiológica, ampliando-se os pontos de captura de flebotomíneos, bem como se mantendo a avaliação clínica e laboratorial periódica da população canina, visando-se assim impedir a introdução e estabelecimento desta grave enfermidade no município.
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