ESTIMATIVA DE POSITIVIDADE DA FEBRE MACULOSA EM CÃES PARA A VIGILÂNCIA O SEU MONITORAMENTO NO MUNICÍPIO DE BOTUCATU, SP

Autores

  • Luís Henrique Lozano Joannitti
  • Nilza Regina da Silva
  • Sandra Regina Nicoletti D’Auria
  • Maria Cecília G. de O. Camargo
  • Cassiano Victoria
  • Selene Daniela Babboni
  • Heni Falcão da Costa
  • Bruna Lapenna Sanches Ferreira
  • José Rafael Modolo

Palavras-chave:

Febre Maculosa Brasileira, Rickettsia rickettsii, cão

Resumo

A Febre Maculosa Brasileira (FMB) é uma zoonose emergente causada por bactérias do gênero Rickettsia, transmitidas através da picada de carrapatos, pulgas, piolhos e ácaros infectados, podendo ser fatal se não diagnosticada corretamente, sendo os cães considerados sentinelas. O presente trabalho teve como objetivo estimar a positividade da FMB em cães distribuídos na zona territorial urbana de Botucatu/SP, por meio da Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), os quais foram escolhidos aleatoriamente durante a 41a campanha de vacinação anual contra a Raiva de cães e gatos, no município de Botucatu/SP. Foram encontrados seis cães (0,94%) sorologicamente reagentes para Rickettsia rickettsii, apresentando títulos variando entre 64, 128 e 256 e isto representa uma proporção de ocorrências suspeitas igual a 0,93% dos 640 cães amostrados. Considerando a construção do intervalo de 95% de confiança para a proporção populacional de suspeitos, é possível afirmar que, a cada 1.000 cães da população de Botucatu tem-se uma expectativa mínima de 2 a 17 cães infectados, logo, em uma população estimada de 30.000 cães, espera-se de 60 a 510 cães infectados. Os resultados do presente estudo permitem inferir risco de ocorrência da FMB em humanos no Município. Uma vigilância mais apurada deverá, portanto, ser realizada, incluindo pesquisa de carrapatos e do agente etiológico, associada à sorologia.

Referências

ANGERAMI, R. N. Clínica e epidemiologia das riquetsioses humanas no estado de São Paulo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 14, Simpósio Latino Americano De Riquetsioses, 2., 2006, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: CBPV, 2006. p. 15.

BURGDORFER, W. Ecological and epidemiological considerations of Rocky Mountain spotted fever and scrubs typhus. In: WALKER, D. H. (Ed.). Biology of Rickettsial Diseases, Boca Raton, FL: CRC Press, 1988. p. 33-50.

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Guia Epidemiológico. 5.ed. Brasília: FUNASA, 2002. p. 302-322.

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. Ministério as Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. 6ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 816p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Casos confirmados de Febre Maculosa. Brasil, Grandes Regiões e Unidades Federadas. 1997 a 2010. Acesso em: 10 dez 2010. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/casos_conf_febre_maculosa.pdf

BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Vigilância da Febre Maculosa Brasileira e Outras Rickettisioses. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

BREITSCHWERDT, E.B.; MONCOL, D.J.; CORBETT, W.T.; MACCORMACK, J.N.; BURGDORFER, W.; LEVY, M.G. Antibodies to spotted fever-group rickettsiae in dogs in North Carolina. American Journal of Veterinary Research, v. 48, n. 10, p. 1436-1440, 1987.

BREITSCHWERDT, E.B et al. Efficacy of Doxycicline, azithromicin, or trovafloxacin for treatment of experimental rocky mountain spotted fever in dogs. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 43, n. 4, p. 813-821, 1999.

CDC- Centers for Disease Control and Prevention. Diagnosis and Management of Tickborne Rickettsial Diseases. Morbidity and Mortality Weelkly Report. v.55, n.RR-4, p.36, 2006.

CUNHA, F.C. Atlas escolar histórico e geográfico. Disponível em: . Acesso em: 08 junho 2009.

CVE- Centro de Vigilância Epidemiológica. Disponível em: . Acesso em: 14 dez. 2011.

CVE- Centro de Vigilância Epidemiológica. Informe técnico: febre maculosa brasileira. 2002. Disponível em: . Acesso em: 02 Fev. 2012.

DANTAS-TORRES, F. Canine vector-borne diseases in Brazil. Parasites & Vectors, 2008. v. 1, n. 1, p. 25.

DEBERALDINI, E.R. et al. Febre maculosa: manual de orientação para vigilância epidemiológica. Campinas: [s. n.], 1996.

DIAS, E.; MARTINS, A.V.. Spotted fever in Brazil. A summary. Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.19, p.103-108, 1939.

FORTES, F.S.; SANTOS, L.C.; CUBAS, Z.S.; MORAES, W.; DUTRA, L.H.; BARROS FILHO, I.R.; BIONDO, A.W.; CUROTTO, S.M.R.; SILVEIRA, I.; MORAES-FILHO, J.; LABRUNA, M. B.; MOLENTO, M. B. Frequency of antibodies against Rickettsia spp. in free ranging and captive capybaras (Hydrochaeris hydrochaeris) from the Foz do Iguaçu city, Paraná, Southern Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira, 2010.

GALVÃO, M.A.M.; CHAMONE, C.B.; CALIC, S.B.; MACHADO, M.C.; OTONI, M.E.A.; DIETZE, R.; MORON, C.; FENG, H.M.; OLANO, J.P.; WALKER, D.H.. Serologic evidence of spotted fever group rickettsia in Novo Cruzeiro Municipality- Minas Gerais state-Brazil, 1999. In: RAOULT, P. BROUQUI (Eds.). Anais Rickettsial Diseases at the Turno f the Third Millenium. Paris: 1999. p. 241.

GASSER, A. M.; BIRKENHEUER, A. J.; BREITSCHWERDT, E. B. Canine Rocky Mountain spotted fever: a retrospective study of 30 cases. Journal of the AmericanAnimal Hospital Association, v. 37, n. 1, p. 41-48, 2001.

GUEDES, E.; LEITE, R.C.; PRATA, M.C.A.; PACHECO, R.C.; WALKER, D.H.; LABRUNA, M.B. Detection of Rickettsia rickettsi in the Amblyomma cajennense in a new Brasilian spotted fever-endemic area in the state of Minas Gerais. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.107, n.7, p.696-701, 2008.

HORTA, M.C. Gambás e a febre maculosa. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA , 14., Simpósio Latino Americano de Rickettsioses, 2., 2006, São Paulo. Anais... São Paulo: [s. n.], 2006. p.156-157.

HORTA, M.C.; LABRUNA, M.B.; SANGIONI, L.A.; VIANNA, M. C. B.; GENNARI, S.M.; GALVÃO, M.A.M.; MAFRA, C.L.; VIDOTTO, O.; SCHUMAKER, T.T.S.; WALKER, D.H. Prevalence of antibodies to spotted fever group rickettsiae in humans and domestic animals in a Brazilian Spotted fever-endemic area in the state of São Paulo, Brazil: serologic evidence for infection by Rickettsia rickettsii and another spotted fever group Rickettsia. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 71, n. 1, p. 93-97, 2004.

IBGE. Instituto Biológico de Geografia e Estatística. Disponível em: . Acesso em: 01dez. 2010.

LABRUNA, M.B. Epidemiologia da febre maculosa no Brasil e nas Américas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ACAROLOGIA, 1., 2006, Viçosa. Anais... Viçosa: UFV, 2006a. p. 63-78.

LABRUNA, M.B. Seasonal dynamics of ticks (Acari: Ixodidae) on horses in the State of São Paulo, Brazil. São Paulo, v. 97, p. 1-14, 2002.

LABRUNA, M.B.; HORTA, M.C.; AGUIAR, M.D.; CAVALCANTE, C.T.; PINTER, A.; GENNARI, M.S.; CAMARGO, L.M. Prevalence of Rickettsia Infection in Dogs from the Urban and Rural Áreas of Monte Negro Municipality, Western Amazon, Brazil.Vector-Borne and Zoonotic Diseases, v. 7, n. 2, p. 249-256, 2007a.

LA-SCOLA B, RAOULT D. Laboratory diagnosis of Rickettsioses: current approaches to diagnosis of old and new Rickettsial diseases. Journal of Clinical Microbiology, 35 (11): 2715-2727, 1997.

LEMOS, E.R.S. Infestation by ticks and detection of antibodies to spotted fever group Rickettsiae in Wild animals in the state of São Paulo, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, v. 91, n. 6, p. 701-702, 1996.

LEMOS, E.R.S.. Febre Maculosa Brasileira em Área Endêmica no Município de Pedreira, São Paulo, Brasil. 1996. Tese (Doutorado) Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1996.

LEMOS, E.R.S.; MACHADO, R.D.; PIRES, F.D.A.; MACHADO, S.L.; COSTA, L.M.C.; COURA, J.R. Rickettsiae-infected ticks in a endemic area of spotted fever in state of Minas Gerais, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v.92, n.4, p.477-481, 1997.

MAGNARELLI, L.A.; ANDERSON, J.F.; PHILIP. R.N. et al. Endemicity of spotted fever group rickettsiae in Connecticut. Am. J. Trop. Med. Hyg., v.30, p.239-52, 1981.

MELLES, H.H, B.; COLOMBO, S.; SILVA, M.V. Febre Maculosa: Isolamento de Rickettsia em amostra de biópsia de pele. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.34, p.37-41. 1992.

NASCIMENTO, E.M.M. Isolamento e detecção molecular de riquésias do Grupo da Febre Maculosa, a partir de Amblyoma cajannense e espécimes biológicos humanos, procedentes de áreas endêmicas do Estado de São Paulo. 2003. Dissertação (Mestrado). Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

NOGUEIRA, M.F.; CRUZ, T.F. Doenças da Capivara. Corumbá. Embrapa Pantanal, 2007. 74p. Disponível em: . Acesso em: 21dez. 2007.

NORMAN, G.R.; STREINER, D.L. Biostatistics: the bare essentials. 3.ed. St. Louis: Mosby Year Book, 2008. 393p.

OLIVEIRA, P. R. Biologia e controle de Amblyomma cajennense. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.23, supl.1, p. 118-122, 2004.

PEREIRA, M.C.; LABRUNA, M.B. Febre maculosa: aspectos clínicos-epidemiológicos, Clínica Veterinária, n.12, p.19-23, 1998.

PIRANDA, E.M.; FACCINI, J.L.; PINTER, A.; SAITO, T.B.; PACHECO, R.C.; HAGIWARA, M.K.; LABRUNA, M.B. Experimental infection of dogs with a Brazilian strain of Rickettsia rickettsii: clinical and laboratory findings. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 107, n.7, p. 696-701, 2008.

PIZA, J.T.; MEYER, J.R.; GOMES, L.S. Tipho exanthematico em São Paulo. São Paulo.Soc. Impress. Paulista, 1932.

SANGIONI, L. A. Pesquisa de infecção por rickettsias do grupo da febre maculosa em humanos, cães e equídeos e em adultos deAmblyomma cajennense, em área endêmica e não endêmica do estado de São Paulo. 2003. 86 f. Tese (Doutorado em Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

SANGIONI, L. A.; HORTA, M. C.; VIANNA, M. C. B.; GENNARI, S. M.; SOARES, R. M.; GALVÃO, M. A. M.; SCHUMAKER, T. T. S.; FERREIRA, F.; VIDOTTO, O.; LABRUNA, M. B. Rickettsial infection in animals and Brazilian spotted fever endemicity. Emerging Infectious Diseases, v. 11, n. 2, p. 265-270, 2005.

SCOLA, B.; RAOULT, D. Laboratory diagnosis of Rickettsioses: current approaches to old and new Rickettsial diseases. Journal of Clinical Microbiology, v.35, n.11, p.2715-2727, 1997.

SCORPIO, D. G.; WACHTMAN, L. M.; TUNIN, R. S.; BARAT, N. C.; GARYU, J. W.; DUMLER, J. S. Retrospective clinical and molecular analysis of conditioned laboratory dogs (Canis familiaris) with serologic reactions to Ehrlichia canis, Borrelia burgdorferi, and Rickettsia rickettsii. American Association for Laboratory Animal Science, v. 47, n. 5, p. 23-28, 2008.

SECRETARIA DE SEGURANÇA EM SAÚDE. Surto de Rickettsiose em Petrópolis-RJ/ 2005. Boletim epidemiológico eletrônico; Disponível em: . Acesso em: 09jun. 2006.

SEKEYOVÁ, Z.; FOURNIER, P. E.; REHÁCEK, J.; RAOULT, D. Characterization of a new spotted fever group rickettsia detected in Ixodes ricinus (acari:ixodidae) collected in Slovakia. Entomological Society of America, v.37, n.5, p.707-713, 2000.

SUCEN - Superintendência de Controle de Endemias. Vetores e Doenças: febre maculosa. Disponível em:< http:// http://www.sucen.sp.gov.br/atuac/maculo.html/atuac/maculo.html>. Acesso em: 06fev. 2012.

TIRIBA, A.C. Geografia médica das riquetsioses. In: Lacaz, C. S.; Buruzzi, R. G.; Siqueira, J. R. Introdução à geografia médica do Brasil. São Paulo: Edgard Blucher, 1972.

Vieira, A. M. L. et al. Manual de vigilância acarológica. São Paulo: SUCEN, 2004.

ZAVALA-CASTRO, J.E.; ZAVALA-VELÁZQUEZ, J.E.; WALKER, D.H.; RUIZ ARCILA, E.E.; LAVIADA-MOLINA, H.; OLANO, J.P.; RUIZ-SOSA, J.A.; SMALL, M.A.; DZUL-ROSADO, K.R. Fatal human infection with Rickettsia rickettsii, Yucatán, México. Emerging Infectious Diseases, v. 12, n. 4, p. 672-674, 2006.

Downloads

Publicado

2023-02-27

Como Citar

1.
Joannitti LHL, Silva NR da, D’Auria SRN, Camargo MCG de O, Victoria C, Babboni SD, Costa HF da, Ferreira BLS, Modolo JR. ESTIMATIVA DE POSITIVIDADE DA FEBRE MACULOSA EM CÃES PARA A VIGILÂNCIA O SEU MONITORAMENTO NO MUNICÍPIO DE BOTUCATU, SP. RVZ [Internet]. 27º de fevereiro de 2023 [citado 28º de abril de 2024];21(3):451-6. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/1250

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>