SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA MUNDIAL DA BRUCELOSE HUMANA

Autores

  • Anna Paula Vitirito Maurelio
  • Bianca Paola Santarosa
  • Danilo Otávio Laurenti Ferreira
  • Mayra Teixeira Alas Martins
  • Antonio Carlos Paes
  • Jane Megid

Palavras-chave:

Brucelose, distribuição mundial, humanos, prevalência

Resumo

A brucelose é uma zoonose de grande relevância no contexto de saúde pública. A contaminação humana pode ocorrer por contato direto ou indireto com a fonte de infecção animal. A doença ocorre no homem por quatro principais espécies de BrucellaBrucella melitensis, Brucella abortus, Brucella suis e Brucella canis. Atualmente, a sua incidência é cerca de cinco vezes superior aos números oficiais, sobretudo devido à falta de diagnóstico e o não cumprimento da declaração obrigatória. A distribuição geográfica coincide com a endemia animal, sendo uma doença ocupacional e mais frequente em regiões rurais. Os mecanismos de patogênese da Brucella devem-se à sua capacidade de sobrevivência no meio intracelular, sendo que os lipopolissacarídeos exercem papel fundamental. A brucelose é uma doença sistêmica, e a sua apresentação e duração do quadro clínico permite caracterizá-la em formas aguda, crônica e localizada. Laboratorialmente, o teste sorológico de triagem preconizado é acidificação do antígeno tamponado (AAT) e confirmatório os testes de 2-mercaptoetanol ou a fixação do complemento. O cultivo bacteriano e testes de reação em cadeia pela polimerase (PCR) são importantes para identificação da espécie de Brucella em questão. O tratamento é extremamente longo, em torno de 42 dias. O principal protocolo estabelecido utiliza doxiciclina em associação com rifampicina. A prevenção da brucelose no homem depende do controle e erradicação da doença nos animais. Foram observadas altas taxas de prevalência em diversas regiões mundiais.

Referências

Corbel MJ, Ariza J, Banai M, Cosivi O, Diaz R, Dranovskaya EA, Elberg SS, Garin-Bastuji B, Kolar J, Macmillan AP, Mantovani A, Moriyon I, Mousa A, Nicoletti P, Semeinis A, Young EJ. Brucellosis in humans and animals. Produced by the World Health Organization in collaboration with the Food and Agriculture Organization of the United Nations and World Organization for Animal Health. Genève: World Health Organization, 2006. 92p.

Young EJ. Human Brucellosis. Infectious Disease. 1983; 5: 321-342.

Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE), Estado de Santa Catarina. Protocolo Estadual de vigilância e manejo clínico da brucelose humana. Manual Técnico. 2012; 1-30.

Organização Mundial da Saúde (OMS) Comitê Mixto FAO/OMS de expertos en brucelosis. Ginebra, Inf. Téc. 740, p.149, 1986.

Ferreira Neto JS. Situação epidemiológica da brucelose bovina no Brasil: bases para as intervenções. UFG. 2009. 16p. Disponível em: file:///C:/Users/user/Downloads/7669-28875-1-PB.pdf. Acesso 10/11/2014.

Godfroid J, Cloeckaert A, Liautard JP, Kohler S, Fretin D, Walravens K, Garin-Bastuji B, Letesson JJ. From the discovery of the Malta fever’s agent to the discovery of a marine mammal reservoir, brucellosis has continuously been a re-emerging zoonosis. Veterinary Research. 2005; 36: 313–326.

Pacheco G, Melo MT. Brucelose. Rio de Janeiro: Serviço Gráfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1956. 727p. (Monografias do Instituto Oswaldo Cruz).

Quinn PJ, Markey BK, Carter ME, Donnelly WJC, Leonard FC, Maguire D. Microbiologia veterinária e doenças infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2007. 512p.

Poester FP. Brucelose. In: Napoli L, Sartor DR, Martins JP. (Orgs.). Manual de Zoonoses. Porto Alegre: Programa de Zoonoses Região Sul. 2009; 1: 9-21.

Scholz HC, Nöckler K, Göllner C, Bahn P, Vergnaud G, Tomaso H, Dahouk SA, Kämpfer P, Cloeckaert A, Maquart M, Zygmunt MS, Whatmore AM, Pfeffer M, Huber B, Busse HJ, De BK. Brucella inopinata sp. nov., isolated from a breast implant infection. Int. J. Syst. Evol. Microbiol. 2010; 60: 801-808.

Eisenberg T, Hamann H-P, Kaim U, Schlez K, Seeger H, Schauerte N, Melzer F, Tomaso H, Scholz H, Koylass M, Whatmore A, Zschöck M. Isolation of potentially novel Brucella spp. from frogs. American Society for Microbiology. 2012; 10: 301-315.

Cloeckaert A, Vizcaíno N. DNA Polymorphism and Taxonomy of Brucella Species. In: López-Goñi I, Moriyón, I. (Eds.). Brucella: molecular and cellular biology. Pamplona: Horizon Bioscience, 2004. p.1-23.

Carvalho MS, Barroso MR, Pinhal F, Mota Tavares F. Brucelose, alguns aspectos epidemiológicos. Medicina Interna. 1995; 2(4): 259-261.

Pessegueiro P, Barata C, Correia J. Brucelose – uma revisão sistematizada. Medicina Interna. 2003; 10(2): 91-100.

Young EJ, Suvannoparrat U. Brucellosis outbreak attributed to ingestion of unpasteurized goat cheese. Arch Intern Med. 1975; 135: 240-243.

Syrjamaki C, Migliazza A, Yarborough JW, Meyer LE. Brucella abortus endocarditis following ingestion of cow’s blood. Nebr Med J. 1984; 69(5):141-142.

Langoni H, Ichihara SM, Silva AV, Pardo RB, Tonin FB, Mendonça LJP, Machado JAD. Isolation of Brucella spp from milk of brucellosis positive cows in São Paulo and Minas Gerais states. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. 2000; 37(6).

Namiduru M, Gungor K, Dikenso YO, Baydar I, Ekinci E, Darooglan I, Bekir NA. Epidemiological, clinical and laboratory features of brucellosis: a prospective evaluation of 120 adult patients. Int. J. Clin. Pract. 2003; 51: 20-24.

Chomel B, Debess E, Mangiamele D, Reilly K, Farver T, Sun R, Barrett LR. Changing trends in the epidemiology of human brucellosis in California from 1973 to 992: a shift toward foodborne transmission. J. Infect. Dis. 1994; 170: 1216-1223.

Enright FM. The pathogenesis and pathobiology oh Brucella infection in domestic animals. In: Nielson K, Duncan JR, eds. Animal Brucellosis. Boca Raton, Fla: CCR Press 1990; 301-320.

Carvalho MP, Souza LS, Carvalho JA, Araújo BM. Fatores de risco e soroprevalência da Brucelose em assentamento rural no Município de Aragominas - TO, Brasil. Cadernos UniFOA. 2013, 22: 81-93.

Ruben B, Band JD, Wong P, Colville J. Person-to-person transmission of Brucella melitensis. Lancet. 1991; 337(8732): 14-15.

Barnett B. Brucellosis. Congenital transmission in Galveston. Disease Prevention News. Texas Department of Health. 1996; 56: 1-2.

Pan American Health Organization (PAHO). Case Definitions: Anthrax, Brucellosis and Rabies. Epidemiological Bulletin, Washington. 2000; 21(3): 12-14.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 104 de 25 de janeiro de 2011. Define as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. Brasília, 2011.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 8. ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 448p.

Acha NP, Szyfres B. Zoonoses and Communicable diseases common to man and animals, 3rd ed. Pan American Health Organization (PAHO): Washington D.C. 2003, vol. 1.

Megid J, Mathias A, Robles CA. Clinical Manifestations of Brucellosis in Domestic Animals and Humans. The Open Veterinary Science Journal. 2010; 4:119-126.

Lawinsky MLJ, Ohara PM, Elkhoury MR, Faria NC, Cavalcante KRLJ. Estado da arte da brucelose em humanos. Rev Pan-Amaz Saude 2010; 1(4):75-84.

Gomez-Huelgas R, De Mora M, Parras JJ, Nuño E, SanRoman CM. Brucella and acute pericarditis: fortuitous or causal association? J Infect Dis. 1986; 154(3): 544.

World Health Organization (WHO). Operational Research in Tropical and other communicable diseases: Final report summaries 2001-2002. Cairo. 2004; 117p.

Zinsstag J, Schelling E, Roth F, Bonfoh B, Savigny D, Tanner M. Human Benefits of Animal Interventions for Zoonosis Control. Emerging Infectious Disease. 2007; 13 (4): 527-531.

Nociti RP, Nociti DL, Silva GCP, Avila MO. Fatores de risco associados à brucelose em médicos veterinários com predisposição ocupacional em Mato Grosso, Brasil. In: CONBRAVET, 35., 2008, Gramado. Anais 35° Conbravet. Gramado: Sovergs, 2008.

Freitas JA, Galindo GAR, Santos EJC, Sarraf KA Oliveira JP. Risco de brucelose zoonótica associado a suínos de abate clandestino. Revista de Saúde Pública. 2001; 101-102.

Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Decreto nº 30.691 de 29 de março de 1952. Aprova o novo Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. Brasília, 1952. 36. Dean A, Crump L, Greter H, Schelling E, Zinsstag J. Global Burden of Human Brucellosis: A Systematic Review of Disease Frequency. PLOS Neglected Tropical Diseases. 2012; 6: 1-9.

Thimm B, Wundt W. The epidemiological situation of brucellosis in Africa. Developments in Biological Standardization. 1976; 31:201-217.

Alballa SR. Epidemiology of human brucellosis in southern Saudi Arabia. The Journal of Tropical Medicine and Hygiene. 1995; 98(3):185-189.

Cetinkaya Z, Aktepe OP, Ciftci IH, Demirel R. Seroprevalence of Human Brucellosis in a Rural Area of Western Anatolia, Turkey. J. Health Popul Nutr. 2005; 23(2):137-141.

Bikas C, Jelastopulu E, Leotsinidis M, Kondakis X. Epidemiology of human brucellosis in a rural area of north-western Peloponnese in Greece. European Journal of Epidemiology. 2003; 18: 267–274.

Lucero NE, Ayala SM, Escobar GI, Jacob NR. Brucella isolated in humans and animals in Latin America from 1968 to 2006. Epidemiol. Infect. 2008; 136: 496–503.

Spinola AG, Costa MD. Brucelose humana em operários de um frigorífico no município de Salvador, Bahia, Brasil. Revista Saúde Pública. 1972; 6:157-165.

Gonçalves DD, Teles PS, Reis CR, Lopes FMR, Freire RL, Navarro IT, Alves LA, Muller EE, Freitas JC. Seroepidemiology and occupational and environmental variables for leptospirosis, brucellosis and toxoplasmosis in slaughterhouse workers in the Paraná State, Brazil. Rev. Inst. Med. Trop. S. Paulo. 2006; 48(3): 135-140.

Gonçalves DD, Benitez A, Lopes-Mori FM, Alves LA, Freire RL, Navarro IT, Santana MAZ, Santos LRA, Carreira T, Vieira ML, Freitas JC. Zoonoses in humans from small rural properties in Jataizinho, Parana, Brazil. Brazilian Journal of Microbiology. 2013; 44(1): 125-131.

Rodrigues ALC, Silva SKL, Pinto BLA, Silva JB, Tupinambás,U. Outbreak of laboratory-acquired Brucella abortus in Brazil: a case report. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2013; 46(6): 791-794.

Downloads

Publicado

2022-03-15

Como Citar

1.
Maurelio APV, Santarosa BP, Ferreira DOL, Martins MTA, Paes AC, Megid J. SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA MUNDIAL DA BRUCELOSE HUMANA. RVZ [Internet]. 15º de março de 2022 [citado 27º de abril de 2024];23(4):597-60. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/838

Edição

Seção

Artigos de Revisão

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>