DIAGNÓSTICO PRESUNTIVO DE ESPINHA BÍFIDA EM PACIENTE CANINO

Autores

  • Amanda Lorene Rabelo Universidade Presidente Antônio Carlos: Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, BR
  • Felipe Gaia de Sousa Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte/MG, Brasil https://orcid.org/0000-0002-5078-7820
  • Suzane Lilian Beier Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte/MG, Brasil https://orcid.org/0000-0002-7352-5145

DOI:

https://doi.org/10.35172/rvz.2023.v30.1119

Palavras-chave:

malformação óssea, alteração congênita, alteração locomotora

Resumo

O objetivo do presente relato é descrever um diagnóstico presuntivo de espinha bífida em um cão sem raça definida, mediante inconsistências diagnósticas prévias. A espinha bífida é uma anomalia congênita incomum, caracterizada pela má formação óssea mediante o fechamento incompleto ou a inexistência do arco dorsal da estrutura vertebral durante o processo de embriogênese. Os animais portadores dessa condição podem apresentar principalmente dificuldades no processo de locomoção, o que ameaça constantemente a qualidade e a sobrevida dos afetados. A espinha bífida pode se apresentar de quatro diferentes formas e em graus variados. Um cão sem raça definida de 5 meses foi atendido em uma clínica veterinária em Conselheiro Lafaeite/MG com dificuldades no processo de locomoção e inconsistências diagnósticas prévias em outros serviços veterinários. No exame físico, ele apresentava cifose em região torácica e diminuição da capacidade proprioceptiva nos membros posteriores. Após a realização de radiografias, foram observadas alterações morfológicas torácicas no segmento entre as vértebras T5 a T9, com processos espinhosos duplicados e decréscimo nas dimensões do espaço intervertebral. O exame radiográfico sugeriu evidências presuntivas de espinha bífida torácica em virtude da indisponibilidade financeira da tutora para a realização de exames mais sensíveis como tomografia e ressonância. Diante dos sinais clínicos e exames apresentados, prescreveu-se fármacos para controle álgico e neuropático como gabapentina e pregabalina, em momentos distintos, até novas recomendações, sendo que estes demonstraram eficácia terapêutica ao paciente. Atualmente, o paciente faz uso de cadeirinha adaptada para locomoção devido à perda da movimentação dos membros posteriores, além do acompanhamento fisioterápico semanal e sessões de acupuntura.

Biografia do Autor

Amanda Lorene Rabelo, Universidade Presidente Antônio Carlos: Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, BR

Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Presidente Antônio Carlos: Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, Brasil

Felipe Gaia de Sousa, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte/MG, Brasil

Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Brasil.

Suzane Lilian Beier, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte/MG, Brasil

Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Brasil.

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Publicado

2023-05-04

Como Citar

1.
Lorene Rabelo A, Gaia de Sousa F, Lilian Beier S. DIAGNÓSTICO PRESUNTIVO DE ESPINHA BÍFIDA EM PACIENTE CANINO. RVZ [Internet]. 4º de maio de 2023 [citado 3º de dezembro de 2024];30:1-10. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/1119

Edição

Seção

Relatos de Casos

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