ETIOLOGIA MICROBIANA E PERFIL DE RESISTÊNCIA BACTERIANA IN VITRO EM OTITES EXTERNAS DE CÃES: ESTUDO RETROSPECTIVO EM ANIMAIS ATENDIDOS NA ROTINA DE HOSPITAL VETERINÁRIO (2013 A 2020)

Autores

  • Carolina Magri Ferraz Laboratório de Microbiologia e Imunologia Veterinária, Universidade Vila Velha, Brasil
  • Joyce Natachi Suave Morais Laboratório de Microbiologia e Imunologia Veterinária, Universidade Vila Velha, Brasil
  • Barbara Loureiro Hospital Veterinário Professor Ricardo Alexandre Hippler, Universidade Vila Velha - UVV, Brasil
  • Jossiara Abrante Rodrigues Laboratório de Parasitologia Veterinária, Instituto Federal da Paraíba -IFPB, campus Sousa, Brasil
  • Vinicius Longo Ribeiro Vilela Laboratório de Parasitologia Veterinária, Instituto Federal da Paraíba -IFPB, campus Sousa, Brasil
  • Adriane Pimenta da Costa-Val Bicalho Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Brasil
  • Rodrigo dos Santos Horta Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Brasil
  • Hélio Langoni Departamento de Produção Animal e Medicina Veterinária Preventiva, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP, Brasil
  • Fabio Ribeiro Braga Universidade Vila Velha
  • Fernando Luiz Tobias Laboratório de Microbiologia e Imunologia Veterinária, Universidade Vila Velha - UVV, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.35172/rvz.2021.v28.578

Palavras-chave:

Conduto auditivo. Leveduras. Otopatias. Resistência bacteriana. Staphylococcus spp.

Resumo

O objetivo deste trabalho foi identificar a microbiota e descrever o perfil de sensibilidade das bactérias aos antimicrobianos em cães com otite externa atendidos em serviço hospitalar médico veterinário. Para isso, foram analisadas 559 amostras otológicas de cães com sinais clínicos de otite externa submetidas à cultura e antibiograma. Houve crescimento de microrganismos em 93,6% (523/559) das amostras, sendo que em 88,5% (463/523) houve crescimento de bactérias, 5,7% (30/523) crescimento de leveduras e 5,7% (30/523) infecções mistas. Foram obtidas 702 cepas, sendo Staphylococcus spp. 55,1% (387/702), Pseudomonas spp. 11,8% (83/702) e Proteus mirabilis 9,8% (69/702) os agentes bacterianos mais isolados. Dentre as leveduras, Malassezia pachydermatis 10,3% (54/523) foi a mais freqüente. Em relação aos resultados do perfil de sensibilidade das bactérias aos antimicrobianos, observou-se que as bactérias Gram-positivas Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. apresentaram maior sensibilidade a amoxicilina + ácido clavulânico, com 92,5% e 100% das cepas sensíveis. Já as bactérias Gram-negativas Pseudomonas spp., P. mirabilis e Escherichia coli, apresentaram sensibilidade superior a 90% a tobramicina. Dentre todos os agentes bacterianos, Pseudomonas spp. foi o que demonstrou as maiores taxas de resistência frente a amoxicilina + ácido clavulânico (6,2%), cefalexina (7,4%) e sulfametoxazol + trimetoprima (13,6%). Os resultados do presente estudo indicaram que a maior parte das otites externas em cães está relacionada com infecções bacterianas, demonstrando a importância da realização de cultura bacteriana associada aos testes de sensibilidade aos antimicrobianos para corretos diagnóstico e tratamento dessas infecções.

Referências

1. Malayeri HZ, Jamshidi S, Salehi TZ. Identification and antimicrobial susceptibility patterns of bacteria causing otitis externa in dogs. Vet Res Commun, 2010;34:435–444.
2. Perry LR, Maclennan B, Korven R, Rawlings T. A.Epidemiological study of dogs with otitis externa in Cape Breton, Nova Scotia. Can Vet J. 2017;58:168–174.
3. Nascente OS, Santin R, Meinerz ARM, Martins AA, Meireles MCA, Mello JRB. Estudo da frequência de Malassezia pachydermatis em cães com otite externa no Rio Grande do Sul. Ciên An Bras. 2010;11:527-536.
4. Paterson S. Discovering the causes of otitis externa, In Pract. 2016;38:7–11.
5. Blake J, Keil D, Kwochka K, Palma K, Schofield J. Evaluation of a single-administrationototopical treatment for canine otitisexterna: a randomised Trial. Vet Rec, 2017.
6. Bajwa J. Otite externa canina - Tratamento e complicações. Can Vet J, 2019;60:97–99.
7. Scherer CB, Botoni LS, Costa-Val AP. Resistência à meticilina em otite externa canina - do diagnóstico ao tratamento. Medvep Derm. 2014;3:224-233.
8. Banu A, Anand M, Nagi N. White coats as a vehicle for bacterial dissemination. J Clin Diag, 2012;6:1381-1384.
9. Bourély C, Cazeau G, Jarrige N, Leblond A, Madec JY, Haenni M, Gay E. Antimicrobial resistance patterns of bacteria isolated from dogs with otitis. Epidemiol Infect, 2019;147:1–10.
10. Gheller BG, Meirelles ACF, Figueira PT, Holsbach V. Bacterial pathogens found in dogs with external otitis and its susceptibility profiles to several antimicrobial. Pubvet, 2017;11:159-167.
11. Scherer CB, Botoni LS, Coura FM, Silva RO, Santos RD, Heinemann MB, Costa-Val AP. Frequency and antimicrobial susceptibility of Staphylococcus pseudointermedius in dogs with otitis externa. Ciên Rural. 2018;48.
12. Murray PR, Baron EJ, Jorgensen JH, Pfaller MA, Yolken RH. Manual of Clinical Microbiology. St. Louis, Missouri: ASM; 2003.
13. Marques SC, Evangelista SR, Piccoli RH. Diversidade e resistência a antibióticos de bactérias psicrotróficas isoladas de tanques coletivos de resfriamento de leite. Rev Inst Adolfo Lutz. 2012;71.
14. Bauer AW, Kirby WM, Sherris JC, Turck M. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method. Am J Clin Pathol, 1996;45:493-496.
15. Clinical and Laboratory Standards Institute. Performance Standards for Antimicrobial Susceptibility Testing. 30th ed. Pennsylvania; 2020.
16. Almeida MS, Santos SB, Mota AR, Silva LTR, Silva LBG, Mota RA. Isolamento microbiológico do canal auditivo de cães saudáveis e com otite externa na região metropolitana de Recife, Pernambuco. Pesq Vet Bras, 2016;36:29-32.
17. Teixeira MG, Lemos TD, Bobany DM, Silva MEM, Bastos BF, Mello MLV. Cytological diagnosis of external otitis in dogs. Braz J An Environment Res. 2019;2:1693-1701.
18. Madigan MT, Martinko JM, Bender KS, Buckley DH, Stahl DA. Microbiologia de Brock. Porto Alegre: Artmed; 2016.
19. Chiavassa E, Tizzani P, Peano A. In vitro antifungal susceptibility of Malassezia pachydermatis strains isolated from dogs with chronic and acute otitis externa. Mycopathologia, 2014;178:315-319.
20. Oliveira LC, Leite CAL, Brilhante RS, Carvalho CB. Etiology of canine otitis media and antimicrobial susceptibility of coagulase-positive Staphylococci in Fortaleza city, Brazil. Braz J Microbiol. 2006;37:144-147.
21. Oliveira VB, Ribeiro MG, Almeida ACS, Paes AC, Condas LAZ, Lara GHB, Franco MMJ, Fernandes MF, Listoni FJP. Etiology, antimicrobial susceptibility profile and epidemiological aspects in canine otitis: a retrospective study of 616 cases. Semin Ciênc Agrár. 2012;33:2367-2374.
22. Papich MG. Selection of antibiotics for methicillin-resistant Staphylococcus pseudintermedius: time to revisit some old drugs?.Vet Dermatol. 2012;23:352-364.
23. Barnard N, Foster A. How to treat Pseudomonas otitis in dogs. Vet Rec, 2018;182:109–110.
24. Oliveira LC, Medeiros CMO, Silva ING, Monteiro AJ, Leite CAL, Carvalho CBM. Susceptibilidade a antimicrobianos de bactérias isoladas de otite externa em cães. Arq Bras Med Vet Zootec. 2005;57:405-408.
25. Martins EA, Momesso CS, Nardo CDD, Castro KF, Atique TSC, Netto HA, Furini AAC. Clinical and microbiological study of canine otitis in a veterinary hospital in the northwest of São Paulo state, Brazil. Acta Vet Bras, 2011;5:61-67.
26. Lloyd DH. Reservoirs of antimicrobial resistance in pet animals. Clin Infect Dis, 2007;45:148-152.
27. Santos JP, Júnior AF, Locce CC, Brasão SC, Bittar ER, Bittar JFF. Effectiveness of tobramycin and ciprofloxacin against bacterial isolates in canine otitis externa in uberaba, minas gerais. Ciên An Bras. 2019;20:8-9.
28. Cruz AR, Paes AC, Siqueira AK. Perfil de sensibilidade de bactérias patogênicas isoladas de cães frente a antimicrobianos. Rev Vet Zootec, 2012;19:601-610.
29. Guimarães CDO, Ferreira CS, Silva KMC, Vieira ABR, Vieira JMS. Isolamento bacteriano e suscetibilidade microbiana em amostras biológicas de cães. Pubvet, 2017;11:168-175.
30. Carvalho LCA, Cidral TA, Melo MCN, Porto WJN, Neto RM. Occurrence of methicillin-resistant Staphylococcus spp. in canine external otitis. Rev Bras Análises Clín, 2019;51:342-347.
31. Kusar D, Srimpf K, Isakovic P, Kalsek L, Hosseini J, Zdovc I, Tavcar-Kalcher G. Determinação de lactonas N-acilhomoserina de Pseudomonas aeruginosa em amostras clínicas de cães com otite externa. BMC Vet Res, 2016;12.
32. Pye C. Pseudomonas otitis externa in dogs. Can Vet J. 2018;59:1231–1234.

Arquivos adicionais

Publicado

2021-05-10

Como Citar

1.
Ferraz CM, Morais JNS, Loureiro B, Rodrigues JA, Vilela VLR, Bicalho AP da C-V, Horta R dos S, Langoni H, Braga FR, Tobias FL. ETIOLOGIA MICROBIANA E PERFIL DE RESISTÊNCIA BACTERIANA IN VITRO EM OTITES EXTERNAS DE CÃES: ESTUDO RETROSPECTIVO EM ANIMAIS ATENDIDOS NA ROTINA DE HOSPITAL VETERINÁRIO (2013 A 2020). RVZ [Internet]. 10º de maio de 2021 [citado 28º de março de 2024];28:1-10. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/578

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

<< < 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >>