A prática do tratamento na leishmaniose visceral canina (lvc) em clínicas veterinárias, cuidados e protocolos

Autores

  • Ana Luísa Holanda de Albuquerque
  • Helio Langoni

DOI:

https://doi.org/10.35172/rvz.2018.v25.23

Palavras-chave:

LVC, tratamento, clínicas particulares, Brasília

Resumo

As leishmanioses são um grupo de doenças infecciosas que afetam humanos, animais domésticos (cães e gatos) e silvestres, causadas por protozoários do gênero Leishmania. A transmissão ocorre pela picada do mosquito do gênero Phlebotomus no Velho Mundo e Lutzomyia no Novo Mundo. A Leishmaniose Visceral Canina (LVC), a forma mais agressiva, é causa frequente de doença clínica em cães e, ocasionalmente em gatos. Seus reservatórios variam de acordo com a região, podendo ser animais domésticos ou silvestres. Leishmania infantum está presente do sul do México até a América do Sul. No caso da LVC, a recomendação do Conselho Federal de Medicina Veterinária é a eutanásia. O tratamento era considerado ilegal até 2013, quando houve autorização do tratamento pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região em todo País, desde que não se utilizassem medicamentos para o tratamento da leishmaniose humana. Tratar ou não, indicar ou não eutanásia é questão polêmica para os clínicos veterinários, pois o tratamento não elimina totalmente a carga parasitária dos animais, e trata-se de uma zoonose. Em Brasília, a leishmaniose visceral é considerada endêmica, considerando o comportamento epidemiológico e a confirmação da autoctonia dos casos humanos. No presente estudo, foi aplicado questionário para se avaliar a prática do tratamento dessa enfermidade, em clínicas veterinárias de pequenos animais de Brasília. Cinco delas realizam o tratamento da LVC. Todas recomendam o alopurinol, quatro a miltefosina, três a marbofloxacina e duas a anfotericina B e antimoniais pentavalentes. Duas clínicas se recusaram a responder o questionário, e outras duas não realizam o tratamento, recomendando eutanásia

Biografia do Autor

Ana Luísa Holanda de Albuquerque

Médica Veterinária Residente da Clínica de Grandes Animais da FMVZ UNESP Botucatu

Helio Langoni

Professor Titular do Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública - FMVZ-UNESP-Botucatu

Referências

1. Ferreira EC, De Melo LA, Gontijo CMF. Leishmanioses do novo mundo. Cad Tec Vet Zootec. 2012;65:9-27.
2. Lappin MR. Leishmaniose. In: Nelson RW, Couto CG. Medicina interna de pequenos animais. 4a ed. St. Louis: Elsevier; 2010. p.1364-5. 3. Greene CE. Infectious diseases of the dog and cat. 4a ed. St Louis: Saunders Elsevier; 2011.
4. Pirajá GV, Lucheis SB. A vigilância epidemiológica de flebotomíneos no planejamento de ações de controle nas leishmanioses. Vet Zootec. 2014;21:503-15.
5. Duprey ZH, Steurer FJ, Rooney JA. Canine visceral leishmaniasis, United States and Canada, 2000–2003. Emerg Infect Dis. 2006;12:440-6.
6. Freitas E, Melo MN, Costa-Val AP, Michalick MS. Transmission of Leishmania infantum via blood transfusion in dogs: potential for infection and importance of clinical factors. Vet Parasitol. 2006;137:159-67.
7. Camargo JB, Troncarelli MZ, Ribeiro MG, Langoni H. Leishmaniose visceral canina: aspectos de saúde pública e controle. Clin Vet. 2007;71:86-92.
8. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. 6a ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
9. Camargo JB, Langoni H, Troncarelli MZ, Machado JG, Lucheis SB, Padovani CR. Performance of IFAT, ELISA, direct parasitological examination and PCR on lymphonode aspirates of canine visceral leishmaniosis diagnosis. J Venom Anim Toxins Incl Trop Dis. 2010;16:414-20.
10. Langoni H, Lucheis SB, Silva RC, Castro APB, Pas AC. American visceral leishmaniasis: a case report. J Venom Anim Toxins Incl Trop Dis. 2005;11:360-71.
11. Donato LE, Lima Júnior FEF, Albuquerque R, Gomes MLS. Vigilância e controle de reservatórios da leishmaniose visceral no Brasil: aspectos técnicos e jurídicos. Rev Educ Contin Med Vet Zootec CRMV-SP. 2013;11:18-23.
12. Volkweis F, Cavalcanti L, Biazio G, Molinari F. Prevalência de Leishmania spp. em cães no Distrito Federal, utilizando a técnica de PCR. In: Anais do Congresso Medvet de Especialidades Veterinárias; 2013; Bento Gonçalves. Bento Gonçalves: Medvet; 2013.
13. Tamayo C, Carvalho M, Bofil M, Rodrigues R, Silva A, Cortez S, et al. Leishmaniose visceral autóctone em Brasília, Distrito Federal, Brasil. Rev Soc Bras Med Trop. 2010;43(4):396-9.
14. Denerolle P. Leishmaniose canine : difficultés du diagnostic et du traitement (125 cas). Prat Med Chir Anim Comp. 1996;31(2):137-5.
15. Ginel PJ, Lucena R, López R, Molleda JM. Use of allopurinol for maintenance of remission in dogs with leishmaniasis. J Small Anim Pract. 1998;39 (6):271-4.
16. Moura S, Fernandes C, Pandulho V, Rodrigues, Silva R. Diagnóstico de leishmaniose canina na área urbana do município de Cuaiabá, estado do Mato Grosso, Brasil. Braz J Vet Res Anim Sci. 1999;36(2):123-6.
17. Petersen CA, Barr SC. Canine leishmaniasis in North America: emerging or newly recognized? Vet Clin North Am Small Anim Pract. 2009;39(6):1065-74.
18. Monteiro JM, Seguro AC, Rocha AS. Nefrotoxicidade aguda da anfotericina b no cão. Rev Hosp Clin Fac Med Sao Paulo. 1992;48(2):54-9.
19. Tavares W. Poliênicos e outros antibióticos antifúngicos. In: Tavares W. Manual de antibióticos. 3a ed. São Paulo: Atheneu; 2002. p.747-64.
20. Nogueira FS. Avaliação clínico-laboratorial de cães naturalmente infectados por Leishmaniose visceral, submetidos à terapia com anfotericina B [tese]. Botucatu: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista; 2007.
21. Tempone AG, Andrade Jr HF. Nanoformulações de antimônio pentavalente encapsuladas em lipossomos contendo fosfatidilserina demonstram maior eficácia contra Leishmaniose Visceral experimental. Rev Inst Adolfo Lutz. 2008;67(2):131-6.
22. Vouldoukis I, Rougier S, Dugas B, Pino P, Mazier D, Woehrlé F. Canine visceral leishmaniasis: comparison of in vitro leishmanicidal activity of marbofloxacin, meglumine antimoniate and sodium stibogluconate.Vet Parasitol. 2006;135(2):137-46.
23. Gómez Ochoa P. Estudio de un nuevo tratamiento de la leishmaniosis canina. Valoración del efecto inmunomodulador de la domperidona [tese]. Zaragoza: Facultad de Veterinaria, Universidad de Zaragoza; 2004.
24. Ai H, Awad A, Moker HM. Evaluation of intralesional 0,2% ciprofloxacin as a treatment for cutaneous leishmaniasis. East Mediterr Health J. 2010;16(1):89-93.
25. Noli C. Leishmaniosis canina. Waltham Focus. 1999;9(2):16-24.
26. Guerra MER. Prospecção de novos peptídeos com ação leishmanicida por dinâmica molecular [dissertação]. São José do Rio Preto: Universidade Estadual Paulista; 2014.
27. Vila-Nova N, Morais S, Falcão M, Bevilaqua C, Rondon F, Wilson M, et al. Atividade inibitória leishmanicida e colinesterásica de compostos fenólicos de Dimorphandra gardneriana e Platymiscium fliribunbum, plantas nativas do bioma Caatinga. Pesqui Vet Bras. 2012;32(11):1164-8.
28. Tempone AG. Secreção cutânea do caramujo gigante africano, Achatina fulica, como fonte de compostos anti-Leishmania. Rev Inst Adolfo Lutz. 2007;66(1):73-7.
29. Gradoni L, Gramiccia M, Mancianti F, Pieri S. Studies on leishmaniasis control: effectiveness of control measures against canine leishmaniasis in the island of Elba, Italy. Trans R Soc Trop Med Hyg.1998;82(3):568-71.
30. Foglia Manzillo V, Oliva G, Pagano A, Manna L, Maroli M, Gradoni L. Deltamethrinimpregnated collars for the control of canine leishmaniasis: Evaluation of the protective effect and influence on the clinical outcome of Leishmania infection in kennelled stray dogs. Vet Parasitol 2006;142(1-2):142-5.
31. Langoni H. Leishmaniasis. In: Megid J, Ribeiro MG, Paes AC. Doenças infecciosas em animais de produção e companhia. 1a ed. Rio de Janeiro: Roca; 2016. p.1013-24. 32. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Esclarecimento sobre substituição do protocolo diagnóstico da leishmaniose visceral
canina (LVC). Brasília: Ministério da Saúde; 2011.

Downloads

Publicado

2018-12-04

Como Citar

1.
Albuquerque ALH de, Langoni H. A prática do tratamento na leishmaniose visceral canina (lvc) em clínicas veterinárias, cuidados e protocolos. RVZ [Internet]. 4º de dezembro de 2018 [citado 28º de março de 2024];25(1):132-41. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/23

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >>