Perfil de sensibilidade de bactérias isoladas de animais domésticos na região de botucatu frente ao cloranfenicol e florfenicol

Autores

  • Antonio Carlos Paes
  • Simone Henriques Mangia
  • Ana Paula Flamínio
  • Gustavo Henrique Batista Lara
  • Fernando José Paganini Listoni

DOI:

https://doi.org/10.35172/rvz.2009.v16.388

Palavras-chave:

cloranfenicol, florfenicol, sensibilidade bacteriana, resistência bacteriana

Resumo

O advento dos antimicrobianos permitiu o controle e cura das doenças infecciosas, mudando a
evolução natural das mesmas de forma marcante. Os resultados de programas locais de vigilância de
resistência a antimicrobianos são de extrema importância, pois auxiliam a escolha da terapêutica
empírica, especialmente em infecções no qual o diagnóstico etiológico é difícil. No caso específico da
terapêutica antimicrobiana em animais de companhia, sabe-se da importância do cloranfenicol, pelo
seu amplo espectro de ação e pela elevada lipossolubilidade que propicia ampla difusão pelas barreiras
biológicas. Antimicrobiano sintético, derivado do propanodiol, o cloranfenicol possui em sua fórmula
estrutural um grupo nitro que produz anemia aplásica irreversível em primatas. A primeira medida foi
a remoção deste radical e sua substituição por um grupo metil sulfonil, resultando no tianfenicol. No
entanto, este composto apresentou concentrações inibitórias mínimas maiores, em relação ao
cloranfenicol, devido ao acúmulo celular lento e por essa razão, as bactérias adquiriram mais
resistência ao tianfenicol. Dessa forma, alteraram-se substancialmente as características da molécula,
substituindo o grupo hidróxido por um átomo de flúor, dando lugar a uma combinação precisa de
amplo espectro, segurança e ausência de inconvenientes de resistência bacteriana, chamado de
florfenicol. Porém o uso maciço e inadequado de antimicrobianos tem implicações no aumento das
taxas de resistência microbiana, existindo uma relação direta entre o quantitativo de antimicrobianos
usados e a incidência de resistência bacteriana. Este trabalho teve por objetivo verificar a sensibilidade
dos principais agentes infecciosos nos animais, frente ao cloranfenicol e ao florfenicol e comparar o
desempenho de ambos frente as mais diversas bactérias patogênicas. O estudo retrospectivo foi
realizado através de 562 antibiogramas do Laboratório de Diagnóstico Microbiológico, da Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade Estadual Paulista – Campus Botucatu, no
período de janeiro de 2000 a junho de 2006.

Referências

BELLINGI, G.C. Avaliação da eficácia do florfenicol na síndrome diarréica dos bezerros em
propriedades argentinas. Hora Vet., v.16, p.40-41, 1997.
CARVALHO, F.L.Q. Lincosamidas, tetraciclinas e cloranfenicol. In: SILVA, P. 6.ed.
Farmacologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p.1050-1057.
ESPINASSE, J. Nuflor: terapia antibiótica & doenças respiratórias dos bovinos. Rio de Janeiro:
Indústria e Farmacêutica Shering-Plough S/A, 1995. 99p.
FIOL, F.S.; AVALLONE, A.M. Uso de cloranfenicol na gestação. Rev. Eletron. Farm., v.2, p.31-
37, 2005.
GREENE, C.E.; WATSON, A.D.J. Antibacterial chemotherapy. In: GREENE, C.E.; WATSON,
A.D.J. Infectious disease of the dog and cat. 2.ed. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 2006.
p.274-301.
MARTINEZ, R.; GIRONI, R.H.A.R.; SANTOS, V.R. Sensibilidade bacteriana a antimicrobianos,
usados na prática médica – Ribeirão Preto – SP – 1994. Medicina, Ribeirão Preto, v.29, p.278-284,
1996.
MOTTA, R.A.; DA SILVA, K.P.C.; RIBEIRO, T.C.F.; RAMOS, G.A.B.; DE LIMA, E.T.; DA
SILVA, L.B.G.; ZÜNIGA, C.E.A. Eficácia do nuflor no tratamento diarréias em bezerros e leitões.
Hora Vet., Edição especial, p.3-6, 2000.
PAGE, S.W. Chloranphenicol 3. Clinical pharmacology of systemic use in the horse. Aust. Vet. J.,
v.68, p.5-7, 1991.
QUINN, P.J.; MARKEY, B.K.; CARTER, M.E.; DONNELLY, W.J.C.; LEONARD, F.C.;
MAGUIRE, D. Microbiologia veterinária e doenças infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2005.
512p.
RIVIERE, J.E.; PAPICH, M.G. Cloranfenicol e derivados, macrolídeos, lincosamidas e
antimicrobianos diversos. In: ADAMS, H.R. Farmacologia e terapêutica em veterinária. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. p.726-749.
ROCHA, H. Normas para seleção de antibióticos para uso clínico. In: SILVA, P. 6.ed.
Farmacologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p.992-1000.
SAMS, R.A. Florfenicol: propriedades químicas e metabolismo de um novo antibiótico de largo
espectro. Hora Vet., v.16, p.19-22, 1997.
SCHAEFFER, A.J. Urinary tract infections: antimicrobial resistance. Curr. Opin. Urol., v.10, p.23-
24, 2000.
TAVARES, W. Cloranfenicol e tianfenicol. In: TAVARES, W. Manual de antibióticos e
quimioterápicos antiinfecciosos. 3ed. São Paulo: Atheneu, 2001. p.721-733.
TURNIDGE, J.D.; JORGENSEN, J.H. Antimicrobial susceptibility testing: general considerations.
In: MURRAY, P.R.; BARON, E.J.; PFALLER, M.A.; TENOVER, F.C.; YOLKEN, R.H. Manual of
clinical microbiology. 7.ed. Washington: ASM Press, 1999. p.1469-1473.
VARMA, J.K. Microbiologia, disponibilidade farmacocinética e segurança do florfenicol em bovinos.
Hora Vet., v.16, p.24-28, 1997.
WATSON, A.D.J. Chloranphenicol 2. Clinical pharmacology in dogs and cats. Aust. Vet. J., v.68,
p.2-5, 1991.
WHITE, D. G. et al. Characterization of chloranphenicol and florfenicol resistance in Escherichia coli
associated with bovine diarrhea. J. Clin. Microbiol., v.38, p.4593-4598, 2000.

Arquivos adicionais

Publicado

2009-03-31

Como Citar

1.
Paes AC, Mangia SH, Flamínio AP, Batista Lara GH, Paganini Listoni FJ. Perfil de sensibilidade de bactérias isoladas de animais domésticos na região de botucatu frente ao cloranfenicol e florfenicol. RVZ [Internet]. 31º de março de 2009 [citado 19º de abril de 2024];16(1):161-72. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/388

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>